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A importância do sr. Luisão

Todas as equipas de futebol precisam de líderes. Dentro e fora do relvado.

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Fora das quatro linhas pode haver um treinador que marque a diferença, seja escutado, seja mestre da táctica e da estratégia, seja um psicólogo único. Mas de nada valerá se, dentro do campo, não existir um outro treinador. O que é respeitado pelos colegas, quando erram. Aquele que dê ordens no momento decisivo. Aquele que consiga transformar as fraquezas em forças no momento de desespero. Aquele que marque o ritmo do jogo. Quem não tem um jogador destes em campo não é uma equipa: é um rebanho de jogadores sem pastor.

A tempestade que incomodou os adeptos benfiquistas depois das declarações do sr. Luisão mostra claramente os equívocos de que é feito o futebol do Benfica. Mais uma vez chegou à Luz uma tonelada de jogadores. Alguns nem suaram a camisola e foram despachados para parte incerta. É certo que hoje um clube de futebol é, na infeliz expressão de gestores insalubres, um conjunto de activos. Já não há espaço para aquilo que antigamente era determinante na escolha de um jogador: o amor à camisola. No Benfica de hoje ninguém pode ser acusado de amor à camisola: no 11 inicial dificilmente haverá um jogador que tenha nascido em Portugal. Portanto é um conjunto de estrelas que se juntam em torno do ideal de vencer. Seja. Mas isso não invalida que seja necessário, no balneário, memória. Um clube que extingue a memória no balneário é um emblema sem alma. Foi isso que a direcção do sr. Luís Filipe Vieira fez, definitivamente, esta época, após afastar o sr. Moreira e o sr. Nuno Gomes, últimos resíduos de uma ligação à história do clube.

Do passado um pouco mais remoto só resta um jogador: o sr. Luisão. Há oito temporadas no Benfica é quase um histórico. Se for embora, o plantel fica sem líder visível e sem memória. No Benfica não há hoje jogador mais importante do que o sr. Luisão. E ele sabe. Por isso, depois de nestes oito anos ter tido mais de 100 colegas no balneário, está farto. As críticas que foram feitas à sua dor de alma são de uma incorrecção total. Ele está cansado desta política de contratações onde não há o mínimo espaço para a solidez, a herança do emblema, para uma alma benfiquista.

No futebol já não há romantismo. Pode haver num toque genial do sr. Aimar, na fúria do sr. Nolito (que o sr. Jesus, erradamente, toma por individualismo, porque acha que cada jogador é um funcionário sem cérebro), na elegância do sr. Gaitán. O sr. Luisão é importante por outra coisa: transmite os códigos genéticos do clube, a experiência e a sabedoria. Sabe os segredos que fazem do clube o poder económico e emocional que representa. E talvez por isso seja olhado de forma tão desconfiada pela direcção do Benfica.



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