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A grande hesitação

A história costuma repetir-se como farsa. Ou como lugar-comum. Afinal o tédio ocupou, como ideologia dominante, o mundo da política.

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A história costuma repetir-se como farsa. Ou como lugar-comum. Afinal o tédio ocupou, como ideologia dominante, o mundo da política.

As dúvidas de Cavaco Silva em se candidatar a Presidente da República repetem-se, uma década depois.

Basta ler a «Autobiografia Política II» e ver como, entre Fevereiro e Setembro de 1995, ele refere a sua «grande hesitação» e foi adiando a resposta.

Uma década depois a inércia mantém-se. Cavaco Silva faz do seu tabu a manta onde esconde a sua hesitação. Embora os que o aplaudem delirantemente entendam outra coisa, seja das suas declarações à TSF, seja nas entrevistas que vão promovendo o seu livro.

Cavaco quer creditar a sua indecisão a um sinal, não dos deuses, mas dos portugueses. O seu «chantilly» é uma vaga de fundo, que o deixa prisioneiro da decisão dos outros.

Cavaco não quer decidir: quer que as certezas partam dos outros. Que, num Portugal em crise, vasculhem no nevoeiro, um salvador. E que o encontrem, aos tropeções.

O tabu de Cavaco Silva é só um: a indecisão não se doma com receitas fiscais ou com o IVA. E é essa a diferença entre ser Ministro das Finanças e Presidente da República.

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