Opinião
2025: a sustentabilidade definirá o sucesso empresarial
Num mundo ameaçado pelas consequências das mudanças climáticas e pelo aumento das desigualdades, a sustentabilidade é fundamental para a prosperidade, não apenas das empresas e nações, mas também da Humanidade.
Ao entrarmos em 2025, é impossível ignorar a turbulência que moldou o ano que passou. Em 2024 assistimos a um aumento das tensões globais e a vários retrocessos nos esforços de sustentabilidade: metas empresariais adiadas, compromissos ESG aligeirados e prioridades políticas a afastarem-se dos compromissos ambientais. Também é evidente que a agenda global de sustentabilidade das Nações Unidas para 2030 (ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) está atrasada em relação às suas metas. Os conflitos crescentes e a maior incerteza económica agravam este desafio. A acrescentar a esta turbulência, observa-se uma crescente "fadiga do apocalipse" – que se refere a uma população saturada de alertas climáticos e com um sentimento de impotência perante a dimensão dos desafios. Na Europa, surge também o foco regulatório, à medida que as grandes empresas entram em modo de cumprimento da nova Diretiva de Relato de Sustentabilidade Corporativa (CSRD). Por seu lado, as pequenas e médias empresas (PME) permanecem em grande parte alheadas desta realidade e pouco preparadas para a exigência deste reporte.
Estas realidades representam um desafio considerável para a aceleração necessária na agenda global de sustentabilidade. Isto acontece, pois, as iniciativas e investimentos em sustentabilidade exigem, frequentemente, uma governação global e um alinhamento político com uma visão de longo prazo. Em contraste, o mundo enfrenta atualmente elevados níveis de disrupção e divisão, com investimentos empresariais e políticas nacionais impulsionados por interesses de curto prazo. Por estas razões, muitas empresas cedem à pressão dos acionistas para estratégias mais imediatas centradas no lucro, mesmo quando sabem que um compromisso com a sustentabilidade representa uma estratégia melhor para promover a competitividade futura. Em alguns casos, a sobrevivência empresarial torna-se o único imperativo, face a contextos altamente competitivos e instáveis.
Contudo, num mundo ameaçado pelas consequências das mudanças climáticas e pelo aumento das desigualdades, a sustentabilidade é fundamental para a prosperidade, não apenas das empresas e nações, mas também da Humanidade. Além disso, num mundo cansado de incerteza e cada vez mais isolado, a ambição de alcançar progressos autênticos e significativos tem o poder de inspirar os cidadãos e de galvanizar o envolvimento das diferentes forças da sociedade, alheadas de empresas e países sem propósito. Deste modo, os desafios atuais reforçam a necessidade de uma liderança forte e responsável – tanto empresarial como política.
De facto, as evidências provenientes de vários estudos demonstram consistentemente que as empresas que investem em sustentabilidade não só contribuem para um planeta mais resiliente, mas também superam os seus pares. Organizações com estratégias climáticas claras, práticas sociais responsáveis e modelos de governação sólidos são mais ágeis na adaptação às mudanças regulamentares, à disponibilidade de matérias-primas e recursos produtivos e às exigências do mercado. Estas organizações destacam-se também na atração e retenção de talentos. Esta evidência e o respetivo "'business case' da sustentabilidade" é algo que o Center for Responsible Business and Leadership pretende evidenciar em 2025.
Além disso, as empresas que colocam uma visão holística da sustentabilidade no centro da sua estratégia e operações demonstram resiliência, ambição e capacidade de previsão. Por estas razões, e porque concentram os seus esforços nas áreas que o mundo mais necessita, serão capazes de impulsionar mudanças com propósito e de liderar os mercados do futuro.
A acrescentar a isto, os quadros regulamentares em evolução, como a CSRD na Europa, mostram que a sustentabilidade não é uma tendência passageira, mas uma mudança fundamental nos negócios. A transparência proporcionada pela CSRD permitirá distinguir as empresas líderes em sustentabilidade das que ficam para trás. Isso irá moldar a confiança dos consumidores, a credibilidade perante os investidores e a reputação das marcas.
Na Católica-Lisbon continuaremos a demonstrar um compromisso inabalável para com a sustentabilidade e a prosseguir a nossa missão de desenvolver conhecimento rigoroso, promover iniciativas de sustentabilidade que mobilizem as forças da sociedade mais importantes e a formar líderes éticos comprometidos com a construção de um futuro próspero e sustentável. De facto, este não é o momento para recuar. É o momento de liderar, conduzindo o futuro dos negócios na direção certa: uma economia sustentável liderada por líderes responsáveis, na qual as empresas com impacto positivo são as protagonistas principais. O caminho a seguir pode ser desafiador, mas também está repleto de oportunidades para aqueles que estão dispostos a promover mudanças positivas e criar valor para todos.
Desejamos a todos um ano de 2025 com muita saúde, crescimento, ambição e impacto positivo.