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29 de Maio de 2016 às 19:10

Indústria 4.0: impacto, reflexão e mobilização 

A consolidação do conceito de Indústria 4.0, com a implementação de projectos-piloto um pouco por todo o mundo, reforça o interesse para Portugal de um debate que tanto Estados como empresas já promovem internamente, avaliando os impactos do movimento e definindo a estratégia para melhor o aproveitar.

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Uma transição com forte impacto na rentabilidade da indústria

 

No artigo anteriormente publicado a Roland Berger identificou os vectores-chave para a implementação de um modelo Indústria 4.0. Complementando a análise, um estudo do impacto desta transição permite antecipar melhorias nos principais indicadores da indústria:

 

• Na capacidade utilizada das fábricas, que deverá aumentar dos actuais 65% para 90%;

 

• Nas vendas por unidade de capital investido, que deverão crescer 25% para 3,1€ por euro investido;

 

• Na margem líquida média, que duplicará para 13%.

 

As grandes potências nacionais estão fortemente investidas na promoção da Indústria 4.0

 

Em virtude dos benefícios económicos que a Indústria 4.0 representa, vários governos têm adaptado as suas políticas industriais. Na Europa, o conceito começa a generalizar-se, vários países disputando a liderança da adopção:

 

• A Alemanha, um dos maiores operadores mundiais no sector industrial, tem vindo a desenvolver soluções para ultrapassar o aumento dos custos do trabalho e da energia nos últimos anos, mantendo os níveis de emprego e aumentando o ROCE do país;

 

• A França, que optou no passado pela redução de investimento e perdeu 20% do emprego e 70% dos resultados da indústria, pôs em marcha medidas de desenvolvimento do ecossistema de start-ups e promoção da "expertise" nacional em digitalização para recuperação de rentabilidade.

 

Também os Estados Unidos, que seguiram um caminho de investimento em automatização e registaram uma redução de 30% nos níveis de emprego desde 2000, reorientaram as políticas da indústria nacional para esforços de incorporação de valor acrescentado na produção e para a relocalização de instalações. Um exemplo recente é a iniciativa "Advanced Manufacturing Partnership" do Presidente Obama.

 

Nas empresas aceleram-se processos de implementação para obter vantagem competitiva

 

O universo empresarial também regista já iniciativas consistentes no âmbito Indústria 4.0. O gigante desportivo Adidas, por exemplo, desenvolveu um projecto em conjunto com outros fabricantes e institutos de investigação e desenvolvimento que permitirá a produção de calçado personalizado com maior proximidade ao cliente e colocar novas colecções nas prateleiras em menos de 45 dias, um passo no sentido do modelo de negócio de "fast fashion" criado pela proprietária da Zara. Adicionalmente, requer instalações de reduzida dimensão, elimina custos de transporte e reduz o impacto dos custos do trabalho. Este novo conceito de "speed factory" deverá ser disponibilizado ao público já no Verão de 2016.

 

E Portugal?

 

Portugal tem dado mostras de acompanhamento na transição para a Indústria 4.0, particularmente no aspecto tecnológico.

 

Contudo, para uma efectiva mobilização é necessário concretizar alguns aspectos:

 

• Uma Agenda Estratégica que estabeleça "guidelines" e objectivos claros no âmbito da Indústria 4.0;

 

• Uma visão quantificável do impacto que a transição terá nos principais "clusters" industriais no país;

 

• Um plano para a criação e disponibilização de linhas de financiamento que permitam fomentar a implementação de medidas Indústria 4.0. 

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