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Opinião
01 de Maio de 2016 às 17:27

"Industrie 4.0"

No decorrer da terceira revolução industrial, a automação, massificação da produção e deslocalização de centros produtivos tiveram um papel-chave na optimização de custos e níveis de eficiência, promovendo a sustentabilidade de modelos orientados para a produção.

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Contudo, a crescente diversidade de consumidores e respectivas expectativas, bem como a imprevisibilidade de volumes gerada pela crise económica, põem em causa o actual modelo industrial (sustentado numa oferta padronizada) e a sua capacidade de criação de valor.

 

Deste modo, surge o conceito de "Industrie 4.0" baseado na transformação digital do tecido industrial, garantindo a flexibilização e desconcentração da produção para junto dos centros de procura.

 

A 4.ª revolução industrial poderá gerar 420 biliões de euros na Europa Ocidental

 

A transição do sector industrial para "Industrie 4.0" ultrapassa a questão tecnológica. O seu impacto não será apenas sentido em estratégias corporativas individuais, mas também ao nível da economia nacional e política de emprego.

 

O princípio subjacente a esta revolução industrial prende-se com a orientação ao cliente e consequente maximização da flexibilização da produção. Pretende-se uma produção "on demand", preditiva e autocorrectiva, optimizando a utilização do capital empregado e minimizando o custo da complexidade.

 

De acordo com um estudo realizado pela Roland Berger, a evolução do processo produtivo na Europa Ocidental irá criar cerca de 10 milhões novos postos de trabalho para todos os níveis de qualificações. Adicionalmente, segundo o mesmo, o desenvolvimento de sistemas e processos inteligentes e digitalmente interligados permitirá a diminuição de capital empregado e o aumento de lucros, libertando cerca de 420 biliões de euros.

 

Como evoluir para um modelo "Industrie 4.0"?

 

Este novo modelo simboliza o surgimento de uma quarta revolução industrial global baseada em três inovações tecnológicas-chave - automação, inteligência artificial e a "Internet das Coisas" - no sentido de criar modelos económicos e industriais disruptivos.

 

Neste sentido, a evolução industrial assenta na implementação de cinco vectores-chave:

 

1. Fábricas virtuais - fabrico virtual de novos produtos antes de criar disrupção no sistema físico;

 

2. Fluxos automatizados - criação de um sistema flexível e ágil, executando tarefas que excedem a capacidade humana (por exemplo, através de cobotos - robôs que interagem fisicamente com pessoas);

 

3. Equipamentos inteligentes - operação apenas com supervisão humana, estando aptos para se corrigirem autonomamente e interagirem com outros equipamentos;

 

4. Manutenção preditiva - maximização da utilização de equipamentos, através, por exemplo, da diminuição dos tempos de paragem;

 

5. Sistemas ciberfísicos - maximização da capacidade de customização e reajuste do processo produtivo em função das variações da procura. 

 

Como se posicionará Portugal nesta nova etapa industrial?

 

Diversos países já desenvolveram iniciativas políticas para apoiar empresas nacionais a evoluírem as suas unidades de produção, nomeadamente  Alemanha, França, Estados Unidos, Japão, China, entre outros.

 

Para Portugal, o progresso em direcção à "Industrie 4.0", com estratégias de digitalização disruptivas, será uma oportunidade de revitalizar o tecido industrial nacional, tornando-se um núcleo industrial digital de referência a nível internacional. 

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