Opinião
Um ano imprevisível
Com o crescimento económico fraco, com as assimetrias regionais, os populismos e os refugiados, a UE precisa de força para voltar a ser um projeto atrativo.
1. Fazer previsões no tempo de hoje é muito mais arriscado do que antes. O mundo hoje em dia anda a uma velocidade vertiginosa e a toda hora nos surpreende. O que se passou na eleição do novo Presidente dos Estados Unidos da América marcará, de modo significativo, o rumo dos acontecimentos. Apesar das indicações que vão surgindo com as nomeações e com alguns tweets do Presidente eleito, é ainda cedo para se saber o que acabarão por ser as suas orientações nas diferentes áreas. Por razões compreensíveis, à luz do que tem sido o seu percurso de vida, Donald Trump estará ainda à procura de saber exatamente o que pensa e o que quer em vários dossiês. É arriscado para o mundo, mas é também desafiante e, por isso, tenho defendido que a atitude de outros líderes, nomeadamente europeus, não deve ser a de o ostracizar politicamente, mas a de lhe dar algum tempo para se saber ao que vem. Ouvi, durante as semanas que antecederam a eleição do novo Presidente, alguns governantes, nomeadamente de África, darem esse crédito a Donald Trump, exatamente por estarem saturados da ação política dos dirigentes que têm governado os EUA. Será de prever que a economia americana possa crescer mais ainda do que esta a acontecer, que as instituições financeiras ganhem com a política de Trump e que Wall Street continue a ter razões de satisfação com o novo Presidente eleito. É de admitir também que volte a ser forte a cumplicidade entre Washington e Londres, mas é de admitir que a distância em relação a Bruxelas ainda se alargue mais do que com Barack Obama.
2. A União Europeia (UE) é outra incógnita. As lideranças de Donald Tusk e de Jean-Claude Juncker têm sido fraquíssimas. E a saída de Martin Schulz do Parlamento Europeu também não ajuda. Por outro lado, a França está sem liderança, a Itália também, e na Alemanha temos ano de eleições com Angela Merkel ameaçada na sua posição. A Europa ficou sem o Reino Unido e não tem líderes. O único líder em todo este planeta da União Europeia é Mario Draghi, mas 2017 pode ser o ano em que as políticas que tem levado a cabo, nomeadamente o "quantitative easing", cheguem ao final nos efeitos que podem produzir. A UE tem que dar uma grande volta para não se tornar, de vez, um projeto esgotado. Hoje em dia, começam a ser maiores as tendências centrífugas do que centrípetas. E quem ainda não entrou, como a Turquia, ficou muito mais longe, numa evolução perigosa e de consequências ainda difíceis de avaliar. A crise na UE é tão grande que a tão falada crise do euro passou para plano secundário. Com o crescimento económico fraco, com as assimetrias regionais, com os populismos, com os refugiados, a UE precisa de força para voltar a ser um projeto atrativo. Não consigo prever a esse nível nada de fantástico para o próximo ano. Admito que com a eleição em França possa surgir uma luz de esperança, até porque quero crer que os europeus tenderão a votar, principalmente, naquele país contra os extremismos, nem que seja por equilíbrio ao que pode advir de ter sido Donald Trump o eleito.
3. Em Portugal esperamos todos que saída do Procedimento por Défice Excessivo anime os responsáveis a procurarem o caminho do crescimento económico. Esperemos que o Governo seja firme, nomeadamente em matéria de legislação laboral e outras, para afastar todas as propostas que afugentem o investimento privado, especialmente, externo. Será um ano de eleições autárquicas em que, para lá de todas as polémicas, não será de prever, como tem acontecido, quaisquer efeitos ao nível do poder central. Neste momento, as sondagens são mais satisfatórias para quem está no poder, mas mesmo que os resultados não o fossem, a tradição em Portugal parece caminhar – apesar do que aconteceu com as autárquicas de 2001 – para separar bem os níveis de poder a propósito de consequências de eleições. De qualquer modo, no tempo de hoje, cada vez mais tudo pode mudar de repente.
4. Em 2017 temos todos outro grande motivo de interesse: saber até que ponto o novo secretário-geral da ONU conseguirá contribuir para que as coisas possam mudar, nomeadamente na Síria e em toda a região circundante. Acreditemos que o caráter inédito do processo que levou à eleição de António Guterres se transmita também ao estilo, ao conteúdo e aos resultados da sua ação à frente da Organização das Nações Unidas.
2. A União Europeia (UE) é outra incógnita. As lideranças de Donald Tusk e de Jean-Claude Juncker têm sido fraquíssimas. E a saída de Martin Schulz do Parlamento Europeu também não ajuda. Por outro lado, a França está sem liderança, a Itália também, e na Alemanha temos ano de eleições com Angela Merkel ameaçada na sua posição. A Europa ficou sem o Reino Unido e não tem líderes. O único líder em todo este planeta da União Europeia é Mario Draghi, mas 2017 pode ser o ano em que as políticas que tem levado a cabo, nomeadamente o "quantitative easing", cheguem ao final nos efeitos que podem produzir. A UE tem que dar uma grande volta para não se tornar, de vez, um projeto esgotado. Hoje em dia, começam a ser maiores as tendências centrífugas do que centrípetas. E quem ainda não entrou, como a Turquia, ficou muito mais longe, numa evolução perigosa e de consequências ainda difíceis de avaliar. A crise na UE é tão grande que a tão falada crise do euro passou para plano secundário. Com o crescimento económico fraco, com as assimetrias regionais, com os populismos, com os refugiados, a UE precisa de força para voltar a ser um projeto atrativo. Não consigo prever a esse nível nada de fantástico para o próximo ano. Admito que com a eleição em França possa surgir uma luz de esperança, até porque quero crer que os europeus tenderão a votar, principalmente, naquele país contra os extremismos, nem que seja por equilíbrio ao que pode advir de ter sido Donald Trump o eleito.
Esperemos que o Governo seja firme, nomeadamente em matéria de legislação laboral e outras, para afastar todas as propostas que afugentem o investimento privado.
3. Em Portugal esperamos todos que saída do Procedimento por Défice Excessivo anime os responsáveis a procurarem o caminho do crescimento económico. Esperemos que o Governo seja firme, nomeadamente em matéria de legislação laboral e outras, para afastar todas as propostas que afugentem o investimento privado, especialmente, externo. Será um ano de eleições autárquicas em que, para lá de todas as polémicas, não será de prever, como tem acontecido, quaisquer efeitos ao nível do poder central. Neste momento, as sondagens são mais satisfatórias para quem está no poder, mas mesmo que os resultados não o fossem, a tradição em Portugal parece caminhar – apesar do que aconteceu com as autárquicas de 2001 – para separar bem os níveis de poder a propósito de consequências de eleições. De qualquer modo, no tempo de hoje, cada vez mais tudo pode mudar de repente.
4. Em 2017 temos todos outro grande motivo de interesse: saber até que ponto o novo secretário-geral da ONU conseguirá contribuir para que as coisas possam mudar, nomeadamente na Síria e em toda a região circundante. Acreditemos que o caráter inédito do processo que levou à eleição de António Guterres se transmita também ao estilo, ao conteúdo e aos resultados da sua ação à frente da Organização das Nações Unidas.
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