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Álvaro Nascimento - Economista 18 de Abril de 2018 às 20:00

Melhorar o crescimento

É verdade que o emprego é um importante fator de realização pessoal e estabilidade social, mas não posso deixar de concordar com Daniel Bessa, quando diz que os resultados recentes do país não são motivo para regozijo.

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A FRASE...

 

"Projeções otimistas do FMI para o crescimento económico de Portugal não se devem aos astros, mas à capacidade de trabalho e iniciativa dos industriais portugueses e à excelência dos recursos humanos."

 

António Costa, Observador, 17 de Abril de 2018

 

A ANÁLISE...

 

É verdade, o bom desempenho da economia portuguesa nos anos mais recentes deve mais à iniciativa privada do que às políticas públicas. Sobre isso, penso que estamos conversados! Foi o turismo e o comércio externo que puxaram pelo PIB e permitiram a forte recuperação do mercado de trabalho. Para o futuro, o FMI aposta as fichas nos mesmos números e continua a antecipar uma progressão rápida do emprego, maior do que o previsto pelo próprio Governo.

 

É verdade que o emprego é um importante fator de realização pessoal e estabilidade social, mas não posso deixar de concordar com Daniel Bessa, quando diz que os resultados recentes do país não são motivo para regozijo. O crescimento do emprego acima do PIB - com a redução do rendimento per capita - sinaliza apenas que estamos a ficar mais pobres, isto é, a trabalhar mais e a ganhar menos! Se os recursos humanos são excelentes, isto dá que pensar! Por que razão continuamos a ser colectivamente incapazes de aumentar a produtividade e remunerar os trabalhadores em consonância?

 

Esta é a questão certa, o desiderato cuja resolução se pede ao Governo. Não a criação de postos de trabalho, como sustenta, e bem, o primeiro-ministro, quando responsabiliza os industriais pelo efeito. Antes, a configuração de um quadro de incentivos propício ao aumento da produtividade, para que estes criem e distribuam mais riqueza pelos trabalhadores. Sabemos, pela experiência recente, que as empresas e os empresários respondem bem a estímulos. Vejam-se a resiliência e a resposta que deram à crise.

 

A julgar pelos resultados, os incentivos parecem continuar fora de sítio: maioritariamente, os empregos criados durante o último ano são precários, em setores de baixo valor acrescentado, intensivos em mão de obra, como o turismo, e fortemente expostos aos humores da conjuntura internacional. Pelo risco que o tecido produtivo comporta, o crescimento projetado pelo FMI é até muito modesto. Continua a ser superado pela maioria das economias europeias e insuficiente para reduzir o hiato que nos separa da Europa desenvolvida. Quando vamos ter melhor crescimento?

 

Artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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