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09 de Setembro de 2020 às 18:41

Ideologia do contra

O recente estudo internacional em que participou a Faculdade de Economia do Porto põe mais uma vez - porque já não é novidade - o dedo na ferida: Portugal tem uma deficiência pública e notória na qualidade das instituições.

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A FRASE...

"O Novo Banco, e uma história que não terminou em 2014."

António Costa, in ECO, 3 de Setembro de 2020


A ANÁLISE...

Por princípio, não há boas nem más decisões. Em cada momento as escolhas são baseadas no que sabemos - e, também, no que desconhecemos - e na forma como avaliamos a incerteza. Quando a informação não é tão boa - ou completa - a incerteza é maior. Acresce assim a necessidade de escrutinar cuidadosamente cada uma das nossas ações à medida que os acontecimentos se vão desenrolando.

 

É fácil criticar a posteriori decisões que foram tomadas no passado, esquecendo que hoje sabemos muito mais sobre o problema e não temos incertezas. Tal qual João Pinto (ex-capitão do FC Porto) no mundo futebolístico: "Prognósticos só no fim do jogo"! Aí, colocamos custos e benefícios nos pratos da balança, apuramos o saldo e julgamos os comportamentos.

 

Sustentei que a solução do Novo Banco deveria ter passado por uma solução à inglesa, tal qual o modelo escolhido e seguido para o Lloyds Bank. Mas não creio que estivesse certo. Não porque não acredite no modelo. Simplesmente porque não acredito na eficácia das nossas instituições. Pela mesmíssima razão, também a solução que foi adotada não se me afigura boa. Veja-se o ruído e a intriga política (do contra) que se arrasta ano após ano.

 

O recente estudo internacional em que participou a Faculdade de Economia do Porto põe mais uma vez - porque já não é novidade - o dedo na ferida: Portugal tem uma deficiência pública e notória na qualidade das instituições. Uma instituição compreende checks and balances, imprescindíveis para julgar e decidir perante informação assimétrica e incompleta; estabelece mecanismos de avaliação e controlo para, a todo o momento, validar escolhas e mitigar riscos.

 

Voltando ao início, a qualidade das instituições importa para o resultado final. Como está bem de ver, soluções diferentes - e tanto pode ser o modelo seguido, como o que defendi ab initio - exigem mecanismos distintos. A eficácia fica comprometida sempre que o desenho das instituições está desalinhado das soluções: o que parece ser o caso endémico português!

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