E, só por isto, já vale a pena falar do livro, dado que explora algumas tendências emergentes: a profusão dos ebooks e das edições independentes, uma abordagem diferente e refrescante aos direitos de autor, a distribuição inovadora e a construção de novos modelos de negócio em torno da escrita.

Como o título indica, "Placebos" aborda o tema do placebo, que Seth Godin classifica como "o elemento mais importante do marketing". Começa por descrever o poder dos placebos no campo mais habitual - a medicina - para depois alargar a análise a outros produtos e serviços, demonstrando como o placebo é eficaz e pode ser utilizado para gerar valor. "Os placebos funcionam, mudam os resultados, muitas vezes para o melhor". O autor explica-nos porque funcionam e mostra-nos que são omnipresentes.

Adivinhando as críticas, Seth Godin adverte que não defende uma linha de pensamento de sacralização do placebo em detrimento da construção de propostas de valor. Pelo contrário, argumenta ser necessário um processo de duas etapas em que primeiro se deve construir algo que funcione, que seja eficaz, eficiente e de preferência inovador em termos de custo/benefício, design e elegância. Depois, há que valorizar o que foi criado, construindo rituais e uma linguagem à sua volta. Estamos no domínio do marketing emocional, que é um dos temas centrais do trabalho de Godin.

Em 26 páginas "Placebos" vai ao que interessa e o valor por página é grande. Fica-se a pensar porque não existem mais livros assim. A resposta, percebo, está em "Placebos": ter muitas páginas num livro ajuda no processo de venda, mesmo que não sirvam para mais nada. As páginas são um placebo.

Autor: Seth Godin
Editora e Data: Edição de autor - 6 de Abril de 2014
Frase: "As we move up the [Maslow] pyramid, the placebo becomes more effective"
Palavras-chave: "Placebo"; "Confirmation Bias"; "Rituals"; "Ethics";
Apreciação: ***

Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros