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Sinatra e a Rússia

Muitos pedem em Portugal uma carga da brigada ligeira, comandada pelos nossos "aliados", contra Moscovo. Talvez mesmo fazer uma nova campanha como Napoleão ou um cerco a Estalinegrado.

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O general americano Grant costumava dizer aos amigos que muito do seu sucesso militar, e a sua capacidade de previsão ou de tomar decisões rápidas, se devia a um pequeno vício que o distraía nas horas vagas: o jogo das damas. A mensagem era simples: aparentemente o mais democrático e fácil dos jogos, este revela-se um antídoto para o erro. Ao contrário, por exemplo, de um jogo cheio de "nuances" como o xadrez, as damas são frias: não perdoam um erro. E um militar, mais do que qualquer outro, sabe que no campo de batalha um erro cometido é a vitória do adversário. No jogo das damas o erro que se comete é, quase sempre, o último daquele jogo. Porque um adversário atento impõe-lhe a estocada final. Uma das primeiras lições que se costuma dar a um jovem aprendiz de damas é como ser derrotado em apenas cinco lances. No jogo das damas ganha-se por um erro adversário. E quando nenhum dos jogadores os comete, o resultado é um empate. Tudo isto nos lembra o frenesim por causa das represálias que Portugal, no entender de algumas vozes sedentas de sangue, deveria decretar perante Moscovo.

 

Muitos pedem em Portugal uma carga da brigada ligeira, comandada pelos nossos "aliados", contra Moscovo. Talvez mesmo fazer uma nova campanha como Napoleão ou um cerco a Estalinegrado. Ou, no mínimo, não encomendar Matrioshkas. Quando Portugal entrar numa guerra destas tem muito mais a perder do que os colossos da Europa ou os EUA. Sabe-se como é. Veja-se o pragmatismo alemão: expulsa diplomatas russos e, entretanto, aprova a construção do gasoduto que ligará a Alemanha à Rússia. Há que pensar, economicamente, no futuro. Tal como fará a Grã-Bretanha e os EUA depois deste amuo. Quantos diplomatas deve Portugal expulsar? Três? Para ficarmos sem representantes diplomáticos na Rússia, numa retaliação? Todo este clamor cheira a subserviência. A Washington, a Londres e a Bruxelas. Talvez por isso é bom recordar a doutrina Sinatra: "My Way" e cada um actua à sua maneira. Sabendo o seu real poder e acautelando os seus interesses.

 

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