Opinião
O regresso do optimismo
Se em Paris, Macron, Presidente eleito francês, prometeu trazer o optimismo de volta a França, por cá Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa têm estado a fazê-lo desde que tomaram posse.
O turismo global em Lisboa, o ambiente à volta do empreendedorismo e os sucessos nacionais vários, como a vinda da Web Summit para Lisboa ou Portugal campeão europeu de futebol, têm ajudado. E é de aproveitar porque o optimismo é assunto sério.
O pessimismo em geral não ajuda. Uma questão importante é mesmo a de até que ponto o pessimismo contribuiu para que as coisas corram mal. A investigação tem confirmado variadíssimas vezes que os vendedores pessimistas vendem menos do que os optimistas; fazem menos tentativas de venda, estão menos confiantes, comunicam pior e desistem mais depressa. Nos estudantes passa-se o mesmo; os estudantes pessimistas têm piores classificações do que os optimistas, refere Martin Seligman na obra, não publicada em português, "Learned Optimism". Seligman chama, no entanto, a atenção de que para tirar partido do optimismo ajuda muito ter uma obsessão pelos factos e não pelas intenções.
Além disso, diga-se, o pessimismo, com conta peso e medida, pode ser útil. Evita a distorção da realidade, típica dos mais optimistas. A prudência e a atenção aos detalhes são mais-valias da mente de um pessimista moderado. Mas em geral os pessimistas, refere Eric Barker, na obra recém-publicada "Barking Up the Wrong Tree", são mais radicais e levam tudo de um modo mais pessoal. Acreditam que o mal não vai passar… vai ficar pior. Pensam que as coisas correm mal por todo o lado e que não há nada a fazer. E muitas vezes acreditam que são eles mesmos quem tem a culpa. Cuidado pois, é um estado de espírito que mina a motivação, que bloqueia os planos e que não deixa acontecer.
As pessoas optimistas tendem a mover-se num quadro diferente. Correu mal, mas acreditam que foi só desta vez; foi azar e não se repetirá. Além disso, não ficam a remoer muito tempo e acreditam que não têm responsabilidades no que se passou mais do que qualquer um dos outros; acontece a qualquer um.
Ser optimista, no entanto, nem sempre é fácil. Uma das narrativas tradicionais sobre o sucesso, que vem de longe e que continua a ter peso entre nós, sugere que o sucesso, o bem-estar de alguma forma, o optimismo, é algo que vem depois de muito trabalho, esforço e sacrifício. Queres ter sucesso? Então, sacrifica-te e sacrifica-te um pouco mais, aguenta e esforça-te outra vez e depois, um dia, daqui a muito tempo, vais atingir os teus objectivos, ter sucesso, vais ter bem-estar e ser feliz. É uma história antiga, muitas vezes repetida de geração em geração. Tem um problema: a investigação científica recente mostrou que está errada.
Por um lado, quem se habituar a ser pessimista, maldisposto, durante anos e anos, não vai mudar de um dia para o outro. Muda pontualmente quando algo de muito positivo acontece, mas depois volta ao registo habitual. Por outro lado, a investigação mostra hoje que é mais fácil atingir objectivos, trabalhar com eficácia, estando bem-disposto e sendo optimista. Em geral, a positividade dá-nos mais energia e melhora a percepção, a cognição e a confiança. A prazo, o optimismo como base de um trabalho exigente leva a maior produtividade, a mais promoções, a maior estabilidade familiar e social e a uma maior capacidade de reacção e de adaptação.
Concluindo, sem exageros, o optimismo é melhor; traz mais bem-estar no imediato, facilita o sucesso a prazo e leva a uma vida mais realizada. Mas o pessimismo, com ponderação, não é de descartar; ele garante que focamos os detalhes, que revemos o revisto e que não desaceleramos enquanto tudo não está mesmo feito.
Qualquer pessoa bem vestida
"Qualquer pessoa é capaz de ficar alegre e de bom humor quando está bem vestida", escreveu Charles Dickens, o mais famoso romancista inglês do século XIX. Há muito que a roupa deixou de ser apenas uma protecção, uma extensão da pele. O vestuário projecta para os outros, e para nós mesmos, quem é cada um, as suas motivações e estado de espírito. Bem vestido, conforme ao que gostamos de usar, é crítico para estarmos confiantes. Se a isso juntarmos uma boa postura física, pode fazer toda a diferença.
O melhor para o trabalho
O melhor para um trabalho bem feito é trabalhar com pessoas que trabalhem bem. Se precisar de concluir uma tarefa complexa, não se feche no gabinete; junte-se a quem esteja também a esforçar-se. Numa experiência descrita na revista Psychonomic Bulletin & Review mostra-se que o nosso esforço é influenciado pelo esforço de quem está ao nosso lado - mesmo sem contacto visual ou sonoro entre as pessoas. De alguma forma, ainda não esclarecida - cheiro, química corporal? -, o esforço transmite-se.
Talento e genialidade
"O talentoso atinge um alvo que ninguém consegue atingir. O genial atinge um alvo que ninguém consegue ver", escreveu Arthur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX. O talento, como se sabe, dá muito trabalho. No seu coração está a melhoria contínua e a persistência. E a genialidade, conforme à investigação actual, é muito mais o resultado dessa melhoria e inovação constantes do que "ter nascido para isso." Só dominando muito conhecimento se consegue ver o que mais ninguém vê.