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07 de Julho de 2016 às 20:25

Jogos mentais

Acreditando que conseguimos, temos hipótese. Se não acreditarmos, não ganhamos. A mente manipula-nos quer para perder quer para ganhar.

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Na sociedade hipercompetitiva do século XXI a confiança não é apenas importante - é vital. O que é o mundo depende da confiança que temos em nós próprios. Henry Ford, o fundador da Ford, comentou um dia: "Geralmente quando alguém pensa que é capaz ou que não é capaz tem razão." Muito decide-se na nossa mente. Se acreditas que és capaz, és capaz; se tens dúvidas que consigas, não consegues.

 

Preparámo-nos, informámo-nos, estamos em forma e estamos confiantes para a reunião, confiamos em concluir bem as negociações e as coisas tendem a correr bem. Confiantes, funcionamos melhor: a testosterona, a hormona da confiança, sobe; e o cortisol, a química do stress, estabiliza em níveis adequados a uma boa atenção. Pensamos mais depressa, somos mais criativos, temos mais energia física e mental. Confiantes, temos melhores resultados.

 

"É mesmo difícil… não vou conseguir…" é o pior. John Regis, atleta britânico de atletismo nos 200 metros, comentou recentemente um episódio do início da sua carreira: "O Michael também ia correr por isso pensei… posso ser segundo… mas o Frank também, e ainda não o venci… talvez seja terceiro…. e mais aquele e aquele ainda… Terminei em quarto… porque me estava a ver a acabar em quarto lugar. Até comecei bem, mas depois vi o Michael a passar… depois o Frank… depois o Linkert… e todos se distanciaram… Era a minha vez, mas estranhamente era como se ouvisse… 'deixa, fica onde estás'… Pensei muito nisto", disse Regis, que nos anos seguintes trabalhou a mentalidade, concluindo que só não ganhava se não chegasse em primeiro. Foi campeão da Europa e recordista britânico. Acrescentou: "Se acreditares que consegues, tens hipótese. Se não acreditares, não ganhas. A tua mente manipula-te, quer para perderes, quer para ganhares."

 

Geralmente quem pensa que não consegue acredita que essa constatação é uma consequência do facto de não conseguir. Ou seja, o não conseguir é a causa desse pensamento. Depois, quando não consegue, conclui que tinha razão. O padrão inverso, no entanto, pode ter mais sentido. Ou seja, é o acreditar que não se consegue que modela a nossa atuação no sentido de não se conseguir. O 'não consigo' primeiro causa o não conseguir depois.

 

 O que vai na cabeça modela as expectativas e condiciona o comportamento. "É a repetição das afirmações que levam à crença, que levam a acreditar", dizia Muhammed Ali, o campeão mundial de boxe recentemente falecido, concluindo que "é quando essa crença se torna uma convicção profunda que as coisas começam a acontecer".

 

Professor na Universidade Católica Portuguesa

 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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