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João Quadros - Argumentista 13 de Março de 2015 às 09:58

Roteiros nunca mais

Cavaco Silva lançou esta semana o balanço do último ano de mandato. Em mais um volume dos seus "Roteiros", entre chatices com Timor, adianta que o futuro Presidente da República Portuguesa deverá ter experiência de política externa.

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Cavaco Silva lançou esta semana o balanço do último ano de mandato. Em mais um volume dos seus "Roteiros", entre chatices com Timor, adianta que o futuro Presidente da República Portuguesa deverá ter experiência de política externa. Não será errado dizer que cada roteiro do nosso Presidente é um prego no caixão da Presidência. No fundo, são uns Roteiros que só apontam para baixo.


Não vou estar com rodeios. A minha pergunta é: mas isto agora é assim?! Antes de sair, o PR traça o perfil de quem deve ir para o lugar dele?! Isto não pode ser considerado como campanha eleitoral?! E se o PR tem dito que o nome do próximo Presidente tinha de ser o antónimo de molinho? Mas isto agora é tudo dele? Julga que é o Soares?!


Vamos lá ver, senhor PR. O senhor pode ainda não ter percebido bem. O senhor, no fim do ano, vai sair de Presidente. Não vai alugar o palácio ao outro que vem lá a seguir. Esqueça o "lamento, mas o próximo PR não pode trazer cães".


Não pode ser. Se Aníbal quer dar palpites para as presidências, que dê depois de sair. O que é que o actual PR tem a ver com quem vai ficar no lugar dele?!


Se, agora, Maria Cavaco Silva viesse dizer - o meu próximo marido tem de ser uma pessoa que goste de viajar -, aposto que o nosso PR não gostava.


Ninguém me tira da cabeça que isto de Cavaco Silva vir dizer que o próximo PR tem de ter carreira internacional só tem uma justificação possível. O PR está a deixar-se levar pelo coração. É a paixão a falar. Tem coragem e diz o nome, Aníbal. Todos sabemos que é a Kátia Guerreiro.


Independentemente do "timing", não é bonito este tipo de testamento, já temos quase 40 anos de Cavaco, não queremos eternizar isto, não queremos mais conselhos, queremos que desapareça no nevoeiro se for caso disso. Cavaco Silva não é um déspota com sonhos de ficar imortalizado, é apenas o tio chato, mesquinho, sem noção das conveniências, de quem finalmente nos livrámos mas que, depois de arrancarmos, ainda nos liga a teimar que é melhor ir pela Vasco da Gama.


Mais patético do que ter o PR a dar palpites cifrados sobre o seu sucessor, qual El-Rei Cavaco, o do BPN, são os pseudo-candidatos a tentar encaixar no perfil. Uma espécie de madrastas a tentar enfiar o pé no sapatinho cristalino do príncipe Cavaco. É patético e contraproducente. Porque, pelos conselhos - e ordens - que Cavaco tem dado ao país, ao longo destas décadas, de imediato temos o reflexo de fazer o contrário do que ele propõe. Se ele aconselha um Presidente com experiência em relações internacionais, o nosso sentido de sobrevivência vai à procura de um candidato que tenha agorafobia e só fale mirandês.


Portanto, na minha opinião, isto foi uma partida que Aníbal lhes fez. Jamais o nosso PR iria propor para o seu lugar alguém que fosse o oposto do que ele é. Era confessar - se vocês se querem safar, para a próxima década, arranjem alguém que não seja como eu. Se repararem bem, aquilo do oposto ser um mirandês com agorafobia não anda muito longe do que é Cavaco Silva. Ou seja, ele está a usar psicologia invertida connosco como se fôssemos uns miúdos totós. É chocante! Mas... há que reconhecer que, na realidade, ele tem pelo menos duas eleições para ter razões para pensar assim.

 

 

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Roteiros


1 Paulo Morais documenta denúncias sobre o BES citando-se a si mesmo - faz lembrar o estilo literário de Jorge Luis Borges. Ou, vá lá, uma nova Margarida Rebelo Pinto.


2 Robô recusa cumprimentar Angela Merkel - pensou que era um contentor. Já não se fazem robôs como o Passos.


3 Cavaco diz que polémica das dívidas de Passos "cheiram a campanha eleitoral" - segundo o nosso Presidente, estamos numa luta partidária entre o líder do PSD e a coligação IRS, SS.


4 Juiz Carlos Alexandre é suspeito de passar (ou vender) informações a jornalistas - ainda vamos descobrir que o juiz Carlos Alexandre não deixava o Expresso fazer a entrevista ao Sócrates porque eles não quiseram pagar.


5 Paulo Morais testa novo partido - foi cancelado. O partido de Paulo Morais tinha 10.000 assinaturas dele próprio.

 

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