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22 de Setembro de 2016 às 20:05

Os tropeções de Passos

Pessoalmente, não antevejo um futuro cintilante para o ainda dirigente do PSD. O homem não anda bem, e parece cada vez mais interessado em sair, ou ser corrido, de líder daquele partido.

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O alvoroço de desagrado que suscitou a notícia segundo a qual Pedro Passos Coelho iria apresentar um livro de pequenos mexericos políticos, levou a que o dirigente do PSD mudasse de linha e dissesse o não pelo sim. Passos anda um pouco desasado com o que em sua volta ocorre, ou com necessidade extrema de que o seu nome apareça nos jornais. Até agora, tudo em que se mete parece desfavorecê-lo, e este episódio da apresentação do tal livro acentua a obliquidade de que tem dado prova. O homem anda notoriamente desorientado, depois de o dr. Cavaco o ter indicado para primeiro-ministro e as circunstâncias obrigarem ao contrário.

No interior do seu partido, o PSD, as coisas não melhoram. A intriga política, os encontros discretos, clandestinos, naquela agremiação política parecem multiplicar-se. A imagem que dele se conhece, quando dos encontros com a senhora Merkel e a facha cabisbaixa e taciturna, fornece o retrato de um homem pouco senhor do seu nariz e mais atrito a seguir na peugada de quem pode, quer e manda. Pessoalmente, não antevejo um futuro cintilante para o ainda dirigente do PSD. O homem não anda bem, e parece cada vez mais interessado em sair, ou ser corrido, de líder daquele partido. Por outro lado, António Costa, sorridente e confiante em tudo o que toca, afigura-se um triunfador incontestado. As sondagens assim o dizem.

A decisão, depois contrariada, de apresentar o tal livro de intrigalhada política, causou mal-estar no PSD, e a tal ponto que um antigo conselheiro nacional deixar o partido e criticar duramente o líder. Trata-se de Paulo Vieira da Silva, ex-conselheiro nacional, o qual acusa Passos Coelho de "patrocinar a pouca-vergonha" e de dar azo a um livro sobre intimidades.

A coisa atingiu tal termo que Passos pediu, posteriormente, desculpa ao autor do tal livro, e esgueirou-se da apresentação. Mas o mal ou o equívoco estão feitos. Já não há apresentação, e, pelo que alguns jornais têm falado, o texto do livro é de tal forma escabroso que chega a relatar intimidades sexuais de, pelo menos, um político conhecido.

Este tipo de publicações obtém, em quase toda a parte, mas sobretudo nos Estados Unidos, uma aceitação doentia. Em Portugal, o recato tem sido norma, e textos desta natureza parecem não obter um êxito por aí além. Depois, sucede que a Imprensa portuguesa não tem alimentado com apreço este género. O autor deste livro é um indivíduo de segunda ordem, que as circunstâncias têm beneficiado e a baixa noção de ética jornalística torna propícia. Sabe-se que o jornalismo português está a sofrer um ataque violentíssimo, que alguns dos seus melhores profissionais foram afastados, e aqueles que recalcitram têm pesadas penas sobre os ombros. Alguns, até acaso os melhores, foram afastados ou afastaram-se, deixando a Imprensa, de tão largas e nobres tradições, nas ruas da amargura, tal como se vê.

Este episódio de agora é ilustrativo do oportunismo que pode nascer e propagar-se quando a Imprensa se desprotege. E a procissão ainda vai no adro. 

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