Opinião
As coisas e os métodos são os mesmos. Os homens é que são outros
A humanidade já conheceu várias espécies de medo que resultam, sempre, em afrontas à condição humana.
As notícias não são animadoras. E a tendência do homem não é para o diálogo, é para o confronto. As coisas más parecem ter-se acentuado nos últimos tempos e não há palavras ou advertências que consigam alterar a substância cruel dos acontecimentos. A ideia subjacente a todos estes estribilhos é que o medo, inspirado abertamente pelo novo Governo norte-americano, começa a infiltrar-se em muitos de nós. O medo, este medo específico e insinuoso, é, aliás, de inspiração antiga e faz parte do próprio movimento do homem. O recurso a este medo é feito de modo intimidante e, no fundo, não traz nada de novo: é o medo, puro e simples.
A humanidade já conheceu várias espécies de medo que resultam, sempre, em afrontas à condição humana. O caso Donald Trump é um deles e não traz nada de novo, nem sequer as tendências hegemónicas têm mudado muito. Dominar as coisas e os homens, e o combate a essa espécie de charneira problemática, fazem parte da condição humana. Não o esqueçamos. Nas mais pequenas coisas, nos géneros mais aparentemente inócuos, as tendências para afirmar essa supremacia e o combate a esse afrontamento surgem com assustadora periodicidade. Não vale a pena ignorar ou tentar esquecer a luta do homem pelo homem e contra o homem.
Estamos a assistir, com maior ou menor perplexidade, a essa onda de desprezo pelo humano, e à aparente supremacia de um pensamento recuperado dos fojos da História. Já repararam que os mais poderosos órgãos de informação consagram grande parte dos seus tempos úteis à projecção e ao acerto de informações que só dizem inteiro respeito a uma minoria da sociedade?
A modernidade não pode negligenciar esta questão, sob o risco de conceder a supremacia ao que de mais fútil e vil o homem cria e estabelece. O critério cultural já não concede reconhecer ou recuperar uma ética de repulsa pelo humano. Estabeleceu-se como critério o futebol, a economia e a simplicidade redutora como fins determinantes. Ouve-se e vê-se Donald Trump e não se acredita, ou só se aceita se admitirmos que perdemos a própria noção do valor individual. O rosto da necessidade mudou de registo. As urgências são outras, ao que insistem em dizer-nos. E os meios de comunicação social estão prontos e abertos à aceitação dessa mascarada do humanismo táctico.
Já repararam que tipo de livros se lê mais? Não é confrangedor: é assustador. A própria divisão do trabalho tornou-se medonha, pela reinterpretação que faz dos valores sociais. A noção social do trabalho, que deveria aproximá-lo das tecnologias modernas e do avanço poderoso das ciências, ficou nas mãos de usurários, que têm conduzido ao sistemático desaparecimento dos valores (Trump também pode ser acusado dessa nova violência) que vão desembocar, sem sombra de dúvida, na grande crise das incertezas.
Eram estas dúvidas de que deveríamos ter permanentemente em equação. Mas não somos auxiliados nem pela imprensa nem por aqueles responsáveis que se demitiram de interrogar para nos perguntar. Vejamos no que isto tudo vai dar. Apesar das minhas constantes apreensões, ainda creio. Em vocês, claro.
A humanidade já conheceu várias espécies de medo que resultam, sempre, em afrontas à condição humana. O caso Donald Trump é um deles e não traz nada de novo, nem sequer as tendências hegemónicas têm mudado muito. Dominar as coisas e os homens, e o combate a essa espécie de charneira problemática, fazem parte da condição humana. Não o esqueçamos. Nas mais pequenas coisas, nos géneros mais aparentemente inócuos, as tendências para afirmar essa supremacia e o combate a esse afrontamento surgem com assustadora periodicidade. Não vale a pena ignorar ou tentar esquecer a luta do homem pelo homem e contra o homem.
A modernidade não pode negligenciar esta questão, sob o risco de conceder a supremacia ao que de mais fútil e vil o homem cria e estabelece. O critério cultural já não concede reconhecer ou recuperar uma ética de repulsa pelo humano. Estabeleceu-se como critério o futebol, a economia e a simplicidade redutora como fins determinantes. Ouve-se e vê-se Donald Trump e não se acredita, ou só se aceita se admitirmos que perdemos a própria noção do valor individual. O rosto da necessidade mudou de registo. As urgências são outras, ao que insistem em dizer-nos. E os meios de comunicação social estão prontos e abertos à aceitação dessa mascarada do humanismo táctico.
Já repararam que tipo de livros se lê mais? Não é confrangedor: é assustador. A própria divisão do trabalho tornou-se medonha, pela reinterpretação que faz dos valores sociais. A noção social do trabalho, que deveria aproximá-lo das tecnologias modernas e do avanço poderoso das ciências, ficou nas mãos de usurários, que têm conduzido ao sistemático desaparecimento dos valores (Trump também pode ser acusado dessa nova violência) que vão desembocar, sem sombra de dúvida, na grande crise das incertezas.
Eram estas dúvidas de que deveríamos ter permanentemente em equação. Mas não somos auxiliados nem pela imprensa nem por aqueles responsáveis que se demitiram de interrogar para nos perguntar. Vejamos no que isto tudo vai dar. Apesar das minhas constantes apreensões, ainda creio. Em vocês, claro.
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