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16 de Outubro de 2018 às 20:15

Orçamento de visão reduzida

O Estado ainda não percebeu que a indústria Portuguesa necessita de uma remodelação profunda, sob pena de ficar rapidamente obsoleta.

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Definitivamente, este foi mais um orçamento de "visão reduzida", mesmo quando já estamos a entrar na nova era da "visão aumentada", o tal novo mundo que aí vem, como muitos vaticinam. Mas o Estado não está para aí virado!

A revolução tecnológica, definitivamente ainda não foi vertida neste orçamento. Ainda não foi desta! Se ainda não o foi no Estado, poderia pelo menos ter sido considerada no estímulo e preparação das empresas para esta nova realidade.

A construção de uma economia forte só é possível com um tecido empresarial robusto e moderno, em que a inovação e tecnologia se impõem e antecipam nos mercados globais, com oferta de valor diferenciado.

Não haverá dúvidas que a indústria é, para Portugal, um dos grandes motores da economia, criando emprego, capturando novo conhecimento, desenvolvendo competências, ganhando novos mercados e promovendo exportações. Exportações, essas mesmas, que nos ajudaram, juntamente com o turismo e a redução do custo com a dívida pela via da intervenção do BCE, a sair da crise.

Há uma ou duas décadas falávamos da capacidade instalada do nosso parque industrial. Hoje deveremos falar da qualidade da capacidade instalada do nosso parque industrial.

A minha preocupação assenta exactamente aqui. O Estado ainda não percebeu que a indústria Portuguesa necessita de uma remodelação profunda, sob pena de ficar rapidamente obsoleta.

Os investimentos em activos produtivos e de gestão passaram a ter ciclos cada vez mais curtos, exactamente pela rapidez da evolução tecnológica, e as exigências de competitividade nos mercados globais, que cada vez assentam mais na produtividade e flexibilidade, que dela advém.

Se queremos dar sustentabilidade às nossas exportações, que têm suportado o nosso crescimento económico, temos primeiro de tudo que modernizar a nossa indústria, e não vejo neste Orçamento do Estado uma rubrica que estimule este processo urgente. Antes do apoio às exportações, as empresas necessitam dessa modernização, que lhes permita bater-se, de igual para igual, no mercado global.

A apresentação deste Orçamento surge na mesma semana em que é eliminada a Secretaria de Estado da Indústria, a única que realmente acompanhava as empresas de perto, que conhecia o "chão de fábrica, que tratava por tu os empresários e que promovia como ninguém a Indústria 4.0, a grande medida deste Governo, que permite ir ajustando as políticas às reais necessidades das empresas em termos tecnológicos.

Este é um sinal estranho e preocupante de desvalorização da importância que a Indústria realmente tem na economia Portuguesa e nas exportações.

Por outro lado, e de forma recorrente, surge a ineficiência do Estado que se vai agravando em cada orçamento que passa, com um aumento progressivo do número de funcionários públicos, mesmo a par de novos Simplex e de decisões de fecho de inúmeras infraestruturas públicas, como é o caso de hospitais, escolas, postos de polícia, juntas de freguesia, entre outros, com prejuízos para os Portugueses, mas com o argumento da necessidade de maior eficiência e racionalização de recursos.

São estas ineficiências, e o esbanjar de recursos, que fazem do estado um mau gestor. A digitalização, automação e integração da informação e dados deveria permitir ao Estado, tal como tem permitido às empresas, aumentar a sua produtividade, e reduzir gradualmente a sua estrutura.

Esperemos que a "visão aumentada", essa mesma do novo mundo que aí vem, ajude no próximo orçamento!
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