Opinião
OE 2013 - "To infinity ... and beyond!"
O Orçamento do Estado para 2013 foi aprovado pela maioria no Parlamento, mas os deputados dos partidos que suportam o Governo apresentaram declarações de voto
"Em 2012 tivemos uma surpresa orçamental."
Passos Coelho
"This is an intergalactic emergency!"
Buzz Lightyear
O Orçamento do Estado para 2013 foi aprovado pela maioria no Parlamento, mas os deputados dos partidos que suportam o Governo apresentaram declarações de voto (até as declarações de voto do PSD têm rectificativos) onde dizem que não simpatizam com o bicho. O Orçamento é como a biografia de Marcelo Rebelo de Sousa: não foi aprovado, foi permitido.
Da direita à esquerda, ninguém escondeu que não gosta do Orçamento, mas tenho a certeza que o Gaspar gosta. É a menina dos seus lindos olhos. É o trabalho de uma vida. É um sonho de infância realizado: um orçamento todo feito em pauzinhos de fósforos por usar. Gaspar está a fazer o seu Lego (mas vai chocalhando a caixa e tem cada vez menos peças). Quer ter uma coisa feita por ele para mostrar aos amigos quando vão lá a casa. É uma coisa dele que nos tem, a nós, lá dentro.
A desculpa de quem vota a favor e diz que não gosta é: "seria pior não termos Orçamento." - Isto é o equivalente ao miúdo da fábula gritar: "0 rei vai nu!" e lhe responderem: "Era pior se ele não levasse aquelas cuecas invisíveis para se tapar." Esta lógica faria com a história de Hans Christian Andersen não fosse a lado nenhum e o célebre escritor tivesse que optar por um final com o miúdo a ser preso ou com uma explosão, em vez da habitual lição de moral suficientemente explicada.
Goste-se ou não, o Orçamento do Estado para 2013 faz lembrar uma das minhas séries televisivas favoritas: "Espaço 1999". A série, de ficção cientifica, que estreou em meados de 1976, antevia: voos intergalácticos à velocidade da luz, bases lunares, teleportação humana e contactos alienígenas para o ano de 1999… "Espaço 1999" era ficção científica demasiado imaginativa. Nos anos 70 todos esperavam muito do ano 2000. O ano de 1999 não teve nada disso. Eu estava lá e vi. Em termos de ficção cientifica, ficámos pelo Bug do Milénio, que também se revelou um fracasso.
O Orçamento do Estado de 2013 é pura ficção científica demasiado imaginativa. Com mais fé que ciência. A recessão prevista por Gaspar equivale a afirmar que Portugal vai pôr um homem em Marte em 2014 (almirante-astronauta Relvas). As metas do Orçamento do Estado de 2013 vão até ao infinito, e para lá dele, à custa de muita energia negra e voando numa espiral recessiva. Gaspar prevê que o país se mova graças à energia da antimatéria e tendo um buraco-negro como sol. O OE é a estrela da morte que vai provocar o "big bang" da economia portuguesa - é a famosa escola económica Darth Vader.
Que a força esteja connosco!
Rectificativo da semana
1 - Proibida a venda de vinho com a marca Salazar - Historiador Rui Ramos diz que o vinho não batia.
2 - PSP usou imagens do "Prós e Contras" para tortura do sono.
3 - A biografia permitida de Marcelo Rebelo de Sousa deve começar a ser lida pelo fim para justificar o meio.
4 - Viagens para Marte custarão 387 mil euros - e os miúdos podem pagar meio bilhete? Isso é importante para mim.
5 - Resumo da entrevista do primeiro-ministro à TVI - Pedro Passos Coelho devia ter ido à entrevista da TVI com um sapato com um buraco na sola para reforçar a ideia. Judite Sousa estava com um cabelo que parecia que ia receber a alternativa de cavaleiro tauromáquico.