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Obrigado, Mário. Olá, Pedro(s)

Actuar no curtíssimo prazo é fundamental para travar o desemprego e a austeridade que ninguém deseja. Além disso, já aprendemos que manter as contas públicas estáveis exige manter a economia a crescer e, não menos importante, obter bons ventos do directório europeu.

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O país está mais bem preparado do que estava há quatro anos: cresceu acima da média europeia, quase 8% permitindo assim reduzir as diferenças com os restantes países da Zona Euro; atingiu um inédito superavit; reduziu o peso da dívida e criou (muito) emprego e, não menos importante, com tudo isto ganhou a batalha da reputação, em que os baixos juros da dívida portuguesa são uma expressão visível, mas que o corolário poderá ter sido a eleição de Mário Centeno para o comando do Eurogrupo.

Mas, tudo mudou num ápice e a inesperada crise sanitária abalou a recuperação obtida. É verdade que a simetria da crise esconde a assimetria do ponto de partida para a recuperação, revelando países com diferentes capacidade de resposta. Mas não há dúvida de que Portugal (também) beneficia dos excelentes resultados obtidos nos últimos anos do combate à outra crise, a da dívida soberana. Contudo, neste momento, em que estamos completamente enfiados noutro problema económico, com outras características e com contexto muito distinto, é crítico que o país tenha outra agenda, numa perspectiva centrada na recuperação e na consciência da exposição do país a sectores fortemente afectados pela era covid. Nada poderá ser como antes, nos moldes de antes e com as receitas de antes, porque nada é igual ao que tão bem lutámos no passado e que tão bons resultados foram obtidos.

É bom lembrar que em plena crise da dívida (2009) a Europa instou os Estados a gastar mais para, pouco tempo depois, afogá-los em austeridade por terem gasto, comprometendo a vida dos cidadãos em países mais endividados. Compreende-se por isso os receios de muitas autoridades europeias, mas Portugal soube demonstrar que o combate à dívida só pode ser bem feito com crescimento económico e que este, no quadro da crise covid, só é possível com muito investimento público. Há sectores que levarão muito tempo a criar riqueza e emprego e é preciso que o estado, corajosamente, se substitua ao mercado. Não há plano de recuperação viável e eficaz sem um plano robusto de investimento público. Um plano que tem de ser bem financiado, sustentado, porventura numa agenda mais verde, e com execução muito simplificada, em que derrubar os obstáculos que sempre condicionaram a realização dos projectos públicos deve ser um objectivo imediato. Um investimento público que requalifique o país e o torne mais resiliente com as infra-estruturas que precisa. Um investimento público que ajude o investimento privado e não o afaste. Um investimento público que ajude a lançar as bases de uma política de substituição de importações, reforçando a importância da industrialização.

Um investimento público que relance o Investimento Directo Estrangeiro. Um investimento público que mantenha vivos os principais sectores da actividade económica, investindo neles com transparência e deixando a porta aberta para sair quando o mercado normalizar. É a altura da mão visível do Estado salvar o mercado e a economia. É uma orientação diferente, com outras regras e outras prioridades. Assim a Europa compreenda e os Pedros possam desempenhar o seu papel, sem amarras que comprometam uma execução rápida e eficaz de um plano de recuperação.


 

Não há plano de recuperação viável e eficaz sem um plano robusto de investimento público.



Termino lembrando que Portugal está a fazer um bom trabalho no combate ao coronavírus, mas o grande teste será a forma como o país desenhará a retoma e, sobretudo, executará um plano de recuperação. Não há tempo a perder e o país tem este activo reputacional, que cresceu na crise sanitária, e que poderá ser muito útil perante as exigências actuais.

Actuar no curtíssimo prazo é fundamental para travar o desemprego e a austeridade que ninguém deseja. Além disso, já aprendemos que manter as contas públicas estáveis exige manter a economia a crescer e, não menos importante, obter bons ventos do directório europeu.

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