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O papel da energia na recuperação económica

Um indicador positivo tem sido o mercado de carbono que, finalmente, parece funcionar com os preços a subirem permitindo que as fontes de energia renovável compitam com as fontes de energia não renováveis.

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O desafio maior desta nossa geração é a resposta à ameaça global das alterações climáticas.

A resposta passa, como é sabido, pela aceitação de uma alteração de comportamentos a uma escala planetária, e por uma permanente atenção ao sector energético, pilar fundamental do desenvolvimento económico e social de qualquer país.

É verdade que alterar comportamentos parece uma missão impossível. Porém, se há coisa que o tempo de pandemia nos tem demonstrado, é que é possível alterar o nosso dia-a-dia em nome de um bem maior. A percepção deste bem maior, no caso das alterações climáticas, é dificultado pela sua aparente lentidão, o que apresenta desafios de ordem política.

Assumir esta responsabilidade implica, desde logo, uma política energética clara, consensual e duradoura, que dê aos cidadãos, e particularmente aos investidores, a necessária confiança de que os pressupostos e condições que os levam, hoje, a tomar uma decisão se mantêm amanhã.

Isso estimulará o surgimento de projectos inovadores e infra-estruturas inteligentes que nos coloquem mais perto da almejada redução do CO2 assumida no compromisso de neutralidade carbónica. Estimulará, de caminho, a criação de emprego, condição essencial para a recuperação económica.

Estas políticas apenas terão eficácia, como se disse, se a escala dos seus efeitos for planetária. O facto de John Kerry, anterior secretário de Estado dos EUA e profundo conhecedor das virtudes da colaboração internacional e multilateral entre países, ter sido colocado por Joe Biden à frente dos esforços internacionais relativamente às alterações climáticas parece-me um excelente sinal de que os EUA, com Biden, estão realmente empenhados neste caminho.

Aqui mais perto, a Europa, na linha com o Pacto Verde Europeu, acordou numa grande redução das emissões de CO2 em 10 anos, com base num ambicioso plano de reconversão económica para relançamento da economia dos 27. Os objectivos são ambiciosos, mas possíveis e implicam investimento, não apenas nas energias renováveis, mas também na eficiência energética de edifícios e na indústria, no armazenamento de energia, no hidrogénio verde, numa melhor gestão dos resíduos florestais, na mobilidade, na distribuição descentralizada, entre outros. Todos somos chamados a fazer parte deste caminho. Mesmo os que estejam a ler este texto e pensem que não lhes diz respeito.

Além de uma verdadeira política energética, a “recuperação verde” precisa também de estímulos designadamente fiscais, mas não só. A criação de pacotes de incentivos ao investimento, que incorporem uma vertente fiscal, a par da tributação ambiental, é também essencial.

A energia pode, deste modo, contribuir de múltiplas formas para a recuperação económica: directamente, quando se investe em projectos de energia “tout court”, como por exemplo o hidrogénio verde, novas tecnologias de armazenamento de energia, entre outros; indirectamente, quando, por exemplo, se estudam e projectam meios de transporte – responsáveis por 25% das emissões globais de C02, com recurso a energia renovável.

Um indicador positivo tem sido o mercado de carbono que, finalmente, parece funcionar com os preços a subirem permitindo que as fontes de energia renovável compitam com as fontes de energia não renováveis.

Outro indicador – assumindo que a dinâmica do mercado de fusões e aquisições é um bom indicador da saúde da economia de um país – são os dados da Mergermarket, que nos dizem que Portugal parece estar em forma: só nos primeiros três meses do ano foram realizadas 12 operações, num valor global superior a 1,7 mil milhões de euros.

 

 

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