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Economia circular na indústria metalúrgica e metalomecânica

Ao invés de um processo de simples reciclagem dos materiais, o objectivo passa por que os mesmos sejam sucessivamente devolvidos ao ciclo produtivo tendo em vista a sua recuperação e reutilização.

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Nos últimos 10 anos o sector metalúrgico e metalomecânico nacional exibiu uma fulgurante trajectória de crescimento, assumindo uma importância incontornável na economia portuguesa e revelando números notáveis em todos os indicadores.

 

Enfatiza-se a evolução das exportações, com registos sucessivos de recordes, o último dos quais atingido em 2018 com um volume de 18,3 mil milhões de euros.

Esta performance do mais exportador sector de Portugal é devedora de muitas razões, aí se destacando a aposta efectuada pelas empresas em factores de diferenciação, como, nomeadamente, inovação, I&D, propriedade industrial, design, certificação e também responsabilidade ambiental.

 

Sem prejuízo da importância de todas as restantes vertentes atrás elencadas, a questão da responsabilidade ambiental, por todas as implicações que suscita, merece cada vez mais uma análise detalhada.

 

As empresas do METAL PORTUGAL já há muito perceberam que o crescimento não pode sacrificar os recursos naturais e o ambiente. E interiorizaram igualmente que essa percepção é susceptível de fazer a diferença.

 

Nesse sentido, o sector tem vindo a adoptar as melhores práticas no que toca ao cumprimento das normas de protecção ambiental, sendo aliás certo que muitas das suas empresas optam por se submeter a processos de certificação ambiental e vão além das exigências legais.

 

Conscientes de que os recursos naturais são finitos e de que o meio ambiente se aproxima do limite de tolerância às agressões que a sociedade humana lhe inflige, as empresas deste sector, com o apoio de entidades como a AIMMAP e o CATIM, têm procurado encontrar novos pontos de equilíbrio entre o crescimento económico e a protecção ambiental.

 

São inúmeros os exemplos daquilo que o sector tem feito nesse sentido, acompanhando e até estimulando a transição de um modelo de economia linear para um paradigma de economia circular.

 

A gestão dos resíduos é um dos domínios em que esse esforço de compromisso parece fazer mais sentido. Pelo que têm sido desenvolvidas técnicas susceptíveis de reciclagem e reutilização dos resíduos como verdadeiras matérias-primas que são. Será ainda indispensável que o estado português acompanhe esta evolução e consagre a desclassificação de muitos resíduos. Mas o certo é que as empresas estão já a cumprir a sua obrigação.

 

Ao invés de um processo de simples reciclagem dos materiais, o objectivo passa por que os mesmos sejam sucessivamente devolvidos ao ciclo produtivo tendo em vista a sua recuperação e reutilização. Preside aqui uma lógica regenerativa que potencia em simultâneo um alívio da pressão sobre as matérias-primas e os recursos naturais e uma diminuição do impacto ambiental.

 

Ainda no âmbito dos resíduos, os "players" do sector estão a assumir intervenção mais significativa na sua gestão, acrescentando-lhe inclusivamente uma vertente de I&D.

 

Para além disso, as empresas têm procurado garantir ciclos de vida mais longos aos produtos e equipamentos que colocam no mercado.

 

De igual modo, através de investimentos crescentes em "ecodesign" - que estão a ser feitos -, a concepção dos produtos pode e deve permitir que os mesmos sejam sucessivamente recuperados e reutilizados sem que das suas utilizações emirjam resíduos.

 

Poderia aqui elencar muitas mais vertentes em que este sector tem sido exemplar na articulação entre os interesses da indústria e as necessidades de protecção ambiental e só não o farei para não ser demasiado exaustivo.

 

Pelo que concluo, reiterando a chamada de atenção para a necessidade de desclassificação como resíduos das sobras que podem ser descontaminadas e em seguida utilizadas como matérias-primas. Num país como Portugal, em que o tecido produtivo é constituído de forma predominante por PME, esse será o mais importante instrumento no sentido de se acelerar a passagem para um modelo de economia circular. 

 

Vice-Presidente Executivo da AIMMAP

 

Artigo em conformidade com o antigo Acordo Ortográfico

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