Opinião
Como evitar o "burnout" e obter melhores resultados
Em 2016, quase um em cada dois trabalhadores portugueses (47%) terão sentido sintomas de "burnout", devido à sobrecarga de trabalho, segundo dados da Associação de Psicologia de Saúde Ocupacional.
Os dois sintomas-chave desta condição são a exaustão emocional e a fraca realização profissional e pessoal.
De facto a expressão "burnout" parece já fazer parte do vocabulário empresarial num país normalmente apontado pela elevada carga horária de trabalho. Perante este cenário, a questão que se coloca é: o que podemos fazer para evitar este estado?
Podemos fazer a analogia entre o que se passa nas organizações e aquilo que observamos nos atletas de alta competição ou na vida pessoal. Isto porque, em todas estas situações, o processo de mudança é o mesmo e divide-se entre ciclos de stress e ciclos de recuperação.
O primeiro motivo indutor de stress ocorre, por norma, caso uma pessoa esteja sujeita a um ciclo de esforço sem pausas, o que dá origem a quebras que podem repercutir-se em depressões, em perdas de resultados ou falta de produtividade, no caso das empresas, ou em atletas com lesões e quebras de rendimento no caso da competição desportiva.
Pessoas sujeitas a stress por períodos muito longos podem acabar por entrar em depressão. Por outro lado, quem estiver sem desafios por longos períodos entra num estado anímico de apatia, o que também leva a períodos de menor rendimento.
Assim, qualquer organização que queira manter as pessoas motivadas e com boa saúde mental deverá intercalar entre estes dois períodos. Se se garantir que a exposição dos colaboradores ao stress é limitada e alternada com períodos de recuperação, a capacidade individual de cada um irá aumentar, com benefícios para a própria organização em termos de resultados.
Outro fator indutor de stress são os objetivos não cumpridos ou a incapacidade de efetuar mudanças. A maior parte das pessoas não muda, porque cria objetivos muito distantes do seu estado atual e, dessa forma, não consegue visualizar o caminho. Nesses casos, o medo ganha influência sobre a motivação para a mudança e o stress é permanente.
O segredo para se ultrapassar esta dificuldade é ter objetivos ambiciosos e parti-los em várias etapas que sejam mais facilmente percetíveis e atingíveis. Desta forma, através da conquista das primeiras vitórias, acreditamos que o objetivo maior é possível de atingir atribuindo significado às pequenas etapas que nos permitem lá chegar.
Caso as organizações e os profissionais sigam estas duas regras essenciais - alternar ciclos de stress com ciclos de recuperação e repartir os desafios em passos mais pequenos e atingíveis - será possível desenvolver organizações mais eficazes e com pessoas mais motivadas.
Senior Partner Kaizen Institute Western Europe
Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico