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A lógica empresarial aplicada aos incêndios

Nestes dias temos assistido ao deflagrar de novos incêndios quando poderíamos pensar que a "época dos fogos" já tinha terminado.

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Devido ou não às altas temperaturas, a verdade é que ciclicamente no verão ocorrem incêndios florestais que ocupam as corporações de bombeiros um pouco por todo o país. Nestas alturas, o país manifesta a sua preocupação para com a destruição de florestas e parques naturais e exibe a sua solidariedade com os bombeiros. Os sucessivos governos dizem que não há memória de um verão tão quente e apressam-se a ir aos locais fustigados manifestar a sua solidariedade com as populações que perderam tudo. Entretanto, substituem-se lideranças, como aconteceu recentemente na Autoridade Nacional da Proteção Civil.

 

Portugal deve dizer basta a este cenário que se repete ano após ano e atuar na raiz do problema. É preciso interromper este ciclo e creio que isso só irá acontecer quando o foco estiver centrado no planeamento e na prevenção destes episódios e não no seu combate.

 

Tal como na questão dos incêndios florestais, existem empresas em que a gestão de topo, a gestão intermédia e os restantes colaboradores estão absorvidos a "apagar incêndios", isto é, a resolver urgências diárias, ficando sem tempo nem disponibilidade mental para refletir sobre a operação e identificar oportunidades de melhoria.

 

Na verdade, uma gestão eficiente exige a definição de objetivos claros e o planeamento cuidado e detalhado das ações ao longo do tempo, com a definição e o cumprimento de "timings" de execução. Esta gestão deve ser feita envolvendo os colaboradores, indo ao terreno, criando valor para o cliente e eliminando o desperdício.

 

Os resultados de uma empresa são analisados em função do lucro e do crescimento, mas também em função de indicadores operacionais como a qualidade, o custo, o serviço e a motivação. Na realidade, só aperfeiçoando estes indicadores é que se consegue atingir uma melhoria sustentada ao nível do crescimento e do lucro. E para melhorar esses indicadores é necessário planear.


Tal como nos incêndios florestais, as empresas que apostem num planeamento rigoroso e detalhado, que pode parecer inicialmente demasiado moroso, irão rapidamente recuperar esse tempo numa execução mais rápida, já que o seu cumprimento irá tornar-se fluido e rigoroso.

 

Será que o custo total de um incêndio é superior ao custo de limpeza de uma mata? (Quanto custou o incêndio da Madeira?) Agora que estamos na era dos impostos, será que deveria haver um imposto extra para os proprietários que não garantam a limpeza das suas matas? Será que, em vez de determos os incendiários, os poderíamos colocar a fazer trabalho comunitário limpando matas durante o período de prisão? Estas e outras questões devem ser analisadas, testadas e medidas para que não tenhamos de passar os próximos anos a apagar fogos no verão. O desafio de apostar no planeamento está lançado.

 

Senior Partner Kaizen Institute Western Europe

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