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27 de Setembro de 2013 às 09:38

Autárquicas clandestinas

Amanhã é dia de reflexão. Faz muita falta um dia de reflexão depois do bombardeamento, com informação sobre as eleições autárquicas, a que fomos submetidos pelos media.

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"We would all like to vote for the best man, but he is never a candidate."

Kin Hubbard

 


Amanhã é dia de reflexão. Faz muita falta um dia de reflexão depois do bombardeamento, com informação sobre as eleições autárquicas, a que fomos submetidos pelos media. O que fazia mesmo falta era um dia de chamada de atenção, para nos relembrar que, no domingo, há eleições.


Numa campanha sem imagens, Marco António Costa foi o único que deu nas vistas. Marco António Costa é um nome fatal. Começa em grande, mas depois termina de forma comum. Marco António Costa, César Augusto Silva, Adolfo Hitler dos Santos, etc, não são nomes bem conseguidos. Adiante.


Marco António Costa foi o único a respeitar as ordens da Comissão Nacional de Eleições, Marco António Costa discursou como se pertencesse a todos os partidos. Vejamos. Atirou-se ao FMI, como um candidato do BE. Barafustou com quem pede mais défice, como se fosse do PSD. Falou nos sinais de que não haverá segundo resgate, como se fosse do PP. E baralhou-se todo, como se fosse da direcção do PS. Agonizou no meio do serviço público. Morreu na contramão atrapalhando o tráfego… Peço desculpa, deixei-me levar por Chico Buarque.


Se o destaque individual vai para Marco António Costa, a melhor cena de campanha tem Pedro Passos Coelho como protagonista. As televisões, na lógica "follow the leader" a que se limitaram, brindaram-nos com a seguinte cena.


Numa rua de Sintra, Passos Coelho segue com a comitiva, quando decide abrandar o passo e cumprimentar uma senhora de idade que estava à janela de um r/c:

 

Passos: Como está?
Velhota: Está cada vez pior. A minha pensão.


Passos: Quanto é a sua pensão?
Velhota: Hum... É das mais baixas


Passos: Diga lá, quanto é a sua pensão?
Velha: Hum…


Passos: Diga lá quanto é a sua pensão?
Velhota: 200 euros…


…(faces pálidas de pessoas acompanham PM)
Passos (feliz): Então aumentou!


E continuou, por ali fora, argumentando que os remédios estão mais baratos e a pensão, da sortuda, está mais alta. Estranhando a senhora não estar à janela a atirar serpentinas, - tem aí uns belos duzentos euros e não é para ir gastar tudo em sobrevivência - era a lógica do PM. Passos ficou ali num contraditório sobre as condições financeiras da velhinha - que, provavelmente, só tinha margarina no frigorífico - garantindo que não era nada como ela estava a dizer. O PM só não disse - ora aí tem duzentas razões para votar PSD. Passos é tramado no contraditório. Dá para imaginar do que o ministro Machete se safou.


Foi brilhante. Charles Dickens não faria melhor. Passos é o Scrooge num dia péssimo. Não adianta enviar-lhe fantasmas de Natais passados, futuros ou presentes. O Pequeno Tim pode esperar sentado.

 

 

 

 

TOP 7
Não eleitoral


 1  Barbara Berlusconi, filha de Berlusconi, comemora aniversário do filho mais novo - com palhaços e table-dance.


 2  António Mexia: Constitucional pode forçar segundo resgate - então não eram as derrotas do Benfica?


 3  Ministro da Educação, afinal, quer introdução do inglês no currículo obrigatório - o ministro Crato é o puto da turma que, quando apertado, faz chichi pelas pernas abaixo.


 4  Luís Filipe Vieira diz que "estão a tentar crucificar Jesus" - e sugere que os polícias dêem a outra face.


 5  Pirâmide dos Açores afinal era um rectângulo - sindicato alerta para a falta de professores de geometria nas ilhas.


 6  Paulo Portas convidou Woody Allen para fazer um filme em Lisboa e Tarantino para fazer o guião da reforma do Estado.


 7  Governo dá subsídio de alojamento a 4 novos secretários de Estado - estavam a dormir na casa da senhora que tem a pensão de 200 euros.

 

 

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