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A Via Sacra da Igreja portuguesa

Que Portugal tem uma classe política incompetente não há qualquer dúvida: as três bancarrotas que levamos em 34 anos são um bom atestado disso.

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A Igreja Portuguesa anda num momento difícil. Senão como explicar as constantes intervenções "out of line" de figuras como Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas, Dom Manuel Clemente, bispo do Porto e Dom Jorge Ortiga, arcebispo de Braga? Este último, na 6ª feira Santa, classificou a classe política de incompetente e criticou o sistema bancário. Sistema que, "depois de ter imposto a tirania dos consumos desnecessários para atingirem metas lucrativas, hoje condiciona o crédito justo às famílias portuguesas, com taxas abusivas que dificultam o acesso a uma qualidade de vida com dignidade".

 

Que Portugal tem uma classe política incompetente não há qualquer dúvida: as três bancarrotas que levamos em 34 anos são um bom atestado disso. Mas o que é estranho é que os Januários, Clementes e Ortigas da Igreja Portuguesa só o tenham descoberto agora. Mais: é estranho que, estando o país sob intervenção externa, por culpa própria, passem a vida a chamar nomes a quem nos deu a mão para não cairmos na miséria generalizada.

 

Os "mimos" de Dom Jorge Ortiga à banca merecem um reparo à parte. É verdade que os bancos fizeram disparates e que o resto da sociedade está a arcar com eles. Mas daí a dizer que impuseram a "tirania dos consumos desnecessários" vai grande distância: por muita publicidade que os bancos façam, a decisão final é sempre de quem assina… E falar de taxas abusivas quando o dinheiro é escasso, sobretudo para os bancos do sul, é ignorância. De facto é nestes momentos que se percebe por que os católicos (grupo a que pertenço!), ao contrário dos protestantes e dos judeus, nunca lidaram bem com o sistema financeiro.

 

camilolourenco@gmail.com

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