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De novo: as desigualdades regionais 

Portugal era, em 2016, o segundo país mais "desequilibrado", só superado pela Irlanda. No entanto, entre 2000 e 2016, esta desigualdade populacional não se agravou, conhecendo o país uma ligeira diminuição do indicador.

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O meu artigo de Março passado mereceu vários reparos de diversos amigos que não se conformaram com a minimização que aí fiz da importância dos "desequilíbrios regionais". Volto agora ao tema para precisar melhor os seus contornos. Para o efeito, a tabela anexa ajuda a perceber, um pouco melhor, o que está em causa.

 

A desigualdade regional medida pelo indicador PIB per capita em PPP (que é o que conta para aferir o nível de vida) era em Portugal, em 2016, muito moderada em termos relativos. Só a Grécia registava, nesse ano, valor inferior. Acresce que, entre 2000 e 2016, este indicador de desigualdade decresceu significativamente; também aqui o país só foi "superado" pela Grécia. Este movimento de diminuição significativo da desigualdade regional vai contra a tendência contrária do seu aumento na média europeia e entre os principais países europeus.

 

Já na desigualdade regional medida pela distribuição da população, a situação é muito diferente. Portugal era, em 2016, o segundo país mais "desequilibrado", só superado pela Irlanda. No entanto, entre 2000 e 2016, esta desigualdade populacional não se agravou, conhecendo o país uma ligeira diminuição do indicador.

 

O confronto destes dados (colunas 1 a 6) com os valores do crescimento económico entre 2000 e 2016 (coluna 7) não pode ser contornado. Grosso modo, o crescimento económico mais elevado está associado ao agravamento das desigualdades regionais. Este fenómeno teima em aparecer, recorrentemente, nas observações visando o pós-anos 1980 na generalidade dos países dispondo de dados regionais apropriados. Os efeitos da escala e da aglomeração ganharam uma importância que não pode ser iludida na formulação das políticas económicas, nomeadamente, nas que visam a vertente regional.

 

No caso português, o verdadeiro problema é a pobreza geral do país face aos nossos parceiros europeus e muito menos as desigualdades regionais. Neste sentido, não pode deixar de ser colocada a questão de averiguar se fortes e eficazes políticas visando o esbatimento das desigualdades regionais não travam a aceleração necessária do crescimento económico global do país.

 

Economista e professor no ISEG

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