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Mais transparência nos seguros de saúde

A ASF está a trabalhar num conjunto de medidas regulatórias na área dos seguros de saúde com mais informação para os consumidores e requisitos de transparência, que são exigíveis num tipo de seguro com esta relevância económica e social.

17 de Novembro de 2020 às 17:45
Margarida Côrrea de Aguiar, presidente da ASF, considera que os seguros podem ter um papel de relevo nas transições climática e digital. DR
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"O setor segurador tem sido mais lento na oferta de produtos que respondam às necessidades trazidas por fenómenos tão importantes como o envelhecimento da população e o aumento da longevidade ou as alterações climáticas e a digitalização da economia", afirmou Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da ASF - Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões.

Acrescentou que "a atividade seguradora tem aqui um papel muito importante, seja oferecendo poupança e seguros de saúde de longo prazo (long care) ou seguros de vida ligados à ‘reverse mortage’, seja reduzindo o protection gap que tem hoje níveis muito preocupantes, como por exemplo na cobertura de riscos sísmicos".

A penetração de seguros em Portugal com coberturas de riscos catastróficos é baixa quando comparada com outras economias desenvolvidas, "amplificando a vulnerabilidade social e da atividade económica para riscos desta natureza".

Crise e concorrência

Em relação aos seguros voluntários de saúde, em particular, que têm registado crescimentos significativos, inclusive em plena pandemia, a ASF está a trabalhar num conjunto de medidas regulatórias que contribuam para um desenvolvimento equilibrado do mercado, salvaguardando um posicionamento mais informado dos consumidores e requisitos de transparência que são exigíveis num tipo de seguro com esta relevância económica e social.

Salientou ainda que "um dos grandes desafios que o setor segurador tem realmente pela frente está em saber como é que será feita a incorporação das novas tecnologias nas suas cadeias de valor. É um caminho incontornável, sob pena de os seus modelos de negócio se tornarem inviáveis porque são desinteressantes para os consumidores e as atividades económicas".

Aludiu aos efeitos da contração económica que "pode motivar correções descendentes nos mercados financeiros, impactando as carteiras de investimento, assim como pode contribuir para reduzir o volume de negócio, o que é suscetível de gerar competitividades acrescidas, passíveis de interferir com o equilíbrio técnico da subscrição e tarifação dos riscos".

Verde e digital

Por isso, a ASF está a monitorizar as seguradoras através de indicadores de rendibilidade, solvabilidade, liquidez e sinistralidade, e de exercícios de stress test que testam cenários adversos passíveis de materialização, determinando sempre que é necessário medidas corretivas e de mitigação de impactos.

Sobre o processo europeu de revisão do regime de Solvência II, referiu que se pretende criar "um quadro de políticas e instrumentos macroprudenciais, de um regime harmonizado de recuperação e de resolução de empresas de seguros, bem como de requisitos de estabelecimento, a nível de cada Estado-membro, de fundos de garantia de seguros ou mecanismos alternativos".

A presidente da ASF fez ainda alusão ao papel do setor na recuperação económica nacional e europeia em que há desafios muito importantes. "A expectativa é a de que esta pandemia molde as necessidades da economia e da sociedade e de que o setor segurador se ajuste gradualmente, seja no modus operandis, seja na oferta de soluções, contribuindo para a confiança que nos faz andar para a frente."

As prioridades definidas no Plano de Recuperação e Resiliência, como a transição climática e a transição digital, implicam alterações profundas de paradigma, e nestas "o setor segurador pode ter um papel de relevo, quer na vertente de grande investidor institucional de longo prazo, apoiando o financiamento de projetos de infraestruturas e contribuindo para o sustainable finance, quer na vertente de gestor profissional dos riscos associados".

Os seguros em Portugal A conferência digital "Os Seguros em Tempo de Emergência" realizou-se a 3 novembro de 2020 no âmbito da 7.ª edição de "Os Seguros em Portugal", uma iniciativa do Jornal de Negócios. Abriu a conferência Michaela Koller, diretora-geral da Insurance Europe, seguindo-se um debate sobre os estado e os desafios do setor com Alexandre Ramos, membro da equipa Executiva e Technology Leader da Liberty Seguros, Celeste Hagatong, presidente da COSEC, e José Galamba de Oliveira, presidente da APS (Associação Portuguesa de Seguradoras). Depois o tema passou a ser o digital com a presença de Ângelo Vilela, country head of Digital do Grupo Ageas Portugal, Luiz Ferraz, mandatário-geral da Prévoir-Vie, e Marco Perestrelo, CTO (Chief Technology Officer) da i2S. Os debates foram moderados André Veríssimo, diretor do Jornal de Negócios, e o encerramento foi feito Maria Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da ASF (Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões). 
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