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A governação de risco é essencial na cibersegurança

O risco humano na cibersegurança é transversal a todos os setores, por isso Miriam Costa defende uma maior sensibilização, o aporte de novos conhecimentos e a existência de uma governação de risco.

30 de Novembro de 2022 às 18:00
O debate “A importância do digital” contou com a participação de Miriam Costa, da AFIP; Nuno Sapateiro, da Abreu Advogados e Nuno Costa, da Claranet. Pedro Catarino
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As seguradoras estão consciencializadas para os riscos associados à cibersegurança. Nuno Sousa, financial services director da Claranet Portugal, diz que as seguradoras estão a investir, porque à medida que crescem os ciber-riscos tem de haver um incremento do investimento. "Hoje em dia não se trata de um ataque de um grupo de estudantes universitários, trata-se de uma indústria de cibercrime de biliões e triliões de dólares, por isso tem de haver um contínuo investimento", explicou Nuno Sousa, durante o debate "A importância do digital - A adaptação e implementação de novos processos" na 9.ª edição de Os Seguros em Portugal, uma iniciativa do Jornal de Negócios.

Entre as principais áreas de investimento está a monitorização interna e externa dos riscos cibernéticos, porque existe na darknet informação de clientes das seguradoras, por isso é necessário monitorizar este espaço, além do perímetro da seguradora.

A segunda área é denominada o vault da informação, ou seja, um cofre da seguradora e dos seus clientes, isolado das redes habituais de funcionamento que permita que, em último recurso, se possa recuperar a informação. "É uma tendência de solução que vai ser implementada", sublinha Nuno Sousa.

A terceira área de investimento é a formação e, segundo Nuno Sousa, não é apenas tecnológica, mas também dos "utilizadores da seguradora e dos seus próprios clientes, e fazer dos elementos da própria seguradora uma defesa do perímetro desta, porque o maior risco, o ponto mais vulnerável de ataque, está no humano".

Os dois lados da digitalização

A digitalização pode aproximar o consumidor do produto e permitir o "cair das letras pequenas" para algo "mais divertido". Mas se não forem tomadas as devidas precauções em termos de cibersegurança e de governação do risco, podem trazer problemas acrescidos para a segurança de dados, advertiu Miriam Costa, Insurtech Workgroup da Associação FinTech e InsurTech Portugal (AFIP). O risco humano na cibersegurança é transversal a todos os setores, por isso, Miriam Costa defende uma maior sensibilização e o aporte de novos conhecimentos "não só ao nível de intervenção de cada uma das pessoas no aumento do risco e na sua contenção, como a própria governação do risco".

Segundo Miriam Costa, há sempre parte do risco que é corrido pela própria seguradora ou do cidadão. Existe um conjunto de pré-requisitos que tem a ver com a proteção ao risco, que têm de estar cumpridos para que a seguradora aceite aquele risco de cibersegurança. "Isto implica uma tomada de consciência da governação do risco. Se acontece um ataque o que é que temos de fazer em termos de relações públicas, de paralisação dos processos internos que estejam comprometidos, o que é que já está pensado para a operativa não parar, e para a recuperação dos dados", disse Miriam Costa.

Blockchain massivo

Considera que a governação de risco ainda tem um caminho a percorrer, mas que terá de ser assumida porque o número de incidências está a aumentar exponencialmente, tendo em 2021 crescido 50% a nível global.

A utilização mais massiva de blockchain pode fazer com que o ciber-risco fique mais controlado pela transação de informações de uma forma mais segura, a literacia da sociedade será maior, e, por outro lado, a massificação do ciberseguro fará com que atuarialmente tenha custos menores para os clientes.

Para Miriam Costa, "há ainda um gap muito grande de transferência de risco para o setor segurador. Hoje não é fácil nem barato transferir o risco porque há um conjunto de pré-requisitos, mas uma maior massificação dos seguros, e a abertura para uma maior utilização de inteligência artificial com uma segmentação mais fina e mais bem pensada no sentido da proteção da sinistralidade, trará um espectro de produtos e de adequação dos produtos aos consumidores".

Na cibersegurança, que a crescente digitalização, veio amplificar, Maria João Silva, CMO da Tranquilidade, considera que existe um grande alinhamento no setor segurador. "O tratamento dos dados dos nossos clientes é como um cofre de informação. Temos internamente muito cuidado a tratar os dados dos nossos clientes e depois proteger os nossos clientes com o aconselhamento do seguro certo de proteção que devem ter."
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