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Apoios públicos aos seguros de crédito só chegaram em junho

Com a pandemia, a União Europeia reconheceu a necessidade de haver apoios públicos aos seguros de crédito. Na maior parte dos países foram tomadas medidas em março, mas em Portugal só em junho é que chegaram as medidas para os seguros de crédito para exportação.

17 de Novembro de 2020 às 16:15
Celeste Hagatong referiu a queda de atividade dos seguros de crédito.
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"Antes da pandemia, o montante de responsabilidades assumidas pelas seguradoras de crédito era igual ao volume de crédito concedido pela banca, cerca de 24 mil milhões de euros. Em setembro de 2020, essas responsabilidades caíram 20%, o que é um impacto muito grande", disse Celeste Hagatong, presidente da COSEC.

As crises sanitária, económica e social também se refletiram na redução das coberturas e no ajustamento da carteira ao risco adequado no tempo da crise. Os setores mais afetados foram o turismo, automóvel, aeronáutica, transportes, não alimentar, e as empresas de menor dimensão, de rating mais elevado tanto em Portugal como noutros mercados. "As companhias de seguro têm sempre de assumir as suas responsabilidades de pagar as indemnizações quando forem devidas e, portanto, não podem assumir de forma nenhuma riscos que depois não possam honrar", sublinhou Celeste Hagatong.

Por outro lado, o custo da sinistralidade aumentou 50%, "que é um aumento brutal que fomos obrigados a fazer, porque, apesar de todas as reduções que fizemos e todo o novo desenho da carteira, somos obrigados a ter o modelo atuarial preparado por um atuário independente, e a verdade é que resultou neste aumento".

"As companhias de seguros também foram ‘atacadas’ na sua carteira de investimentos financeiros, mas estes impactos todos que estão a afetar as companhias de seguro de crédito em Portugal, mas podemos dizer que a redução dos plafonds em toda a Europa, Estados Unidos, Japão, foi global", concluiu Celeste Hagatong.

Os seguros de crédito

A União Europeia reconheceu a necessidade de haver apoios públicos aos seguros de crédito. Na maior parte dos países foram tomadas medidas em março, e o apoio alemão garantiu uma carteira de 50 mil milhões de euros, mas em Portugal só em junho é que chegaram as medidas para os seguros de crédito para exportação.

A linha de crédito constituída pelo Governo Covid-OCDE de curto prazo tem um montante de 394,5 milhões de euros de plafond para a COSEC num total de 750 milhões na linha com garantia de Estado. "Permite às empresas incrementar, até ao dobro e de acordo com os máximos, as coberturas parciais dos seus riscos, face aos montantes contratados na apólice base", diz Maria Celeste Hagatong.

Deveria ser feita uma linha semelhante para os seguros de curto prazo no mercado interno, "porque não é só exportar mas há uma cadeia de valor no mercado interno". Quando as companhias de seguros de crédito não podem dar plafond, porque já têm exposição há mais num setor de atividade ou num país ou num cliente, o Estado deveria colmatar essa necessidade através de um seguro de garantia do Estado em determinadas condições. "Isto existiu na crise de 2007-2008."

Os mercados que têm maior risco são os mercados dos países emergentes e dos países em vias de desenvolvimento fora da OCDE. Nesta linha com garantia de Estado, o plafond passou de 250 milhões de euros para 300 milhões de euros.
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