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Se for necessário, as moratórias dos seguros podem ser estendidas

“Não será por nós que essas moratórias não serão estendidas. Estamos aqui para facilitar e não para complicar a vida à população portuguesa”, afirma José Galamba de Oliveira.

17 de Novembro de 2020 às 16:45
José Galamba de Oliveira, presidente da APS
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"Este vai ser o maior evento dos seguros de todos os tempos, a maior catástrofe, é um grande stress test para o setor, mas desde 2016 que o setor se rege com o novo regime prudencial do Solvência II, que, de facto, se tornou bastante mais exigente em termos de requisitos de capital para o próprio setor, e de facto as companhias, na sua generalidade, estavam preparadas para um embate desta dimensão", analisa José Galamba de Oliveira, presidente da APS (Associação Portuguesa de Seguradoras).

O setor estava bem capitalizado, mas os rácios de solvência entre abril e maio "foram impactados, no entanto já estão em recuperação, o que quer dizer que tivemos um regime prudencial bem desenhado e que mostrou também que estava pensado para este tipo de situações de maior stress em Portugal".

"Era um setor que já investia muito no digital, investiu muito em criar planos de contingência, mas de facto estavam preparados para situações de mais ou menos disrupção relativamente às suas operações", recorda José Galamba de Oliveira, os idos tempos em março de 2020. "Houve uma preocupação muito grande com a segurança dos seus colaboradores, com seu ecossistema, dos seus parceiros, e honrar as nossas responsabilidades perante o mercado".

Os ramos mais afetados

Salientou o papel do canal de mediação, formado por 15/16 mil medidores, em especial no ramo não vida, que "rapidamente, utilizando as ferramentas muitas vezes disponibilizadas pelas companhias, manteve um contacto muito próximo com os clientes, por via telefónica ou por via digital".

A área não vida foi a mais impactada com a pandemia, é um setor que tem uma relação muito direta com o crescimento económico, se a economia cresce vendem-se mais seguros. Os ramos que mais sofreram foram acidentes de trabalho, no ramo automóvel a sinistralidade baixou nos meses de confinamento. "Há uma redução nos primeiros 8/9 meses do ano à volta dos 7/8%, mas a verdade é que o custo dos sinistros aumentou, porque as peças vêm de fora, não há grandes stocks de peças em Portugal, houve problemas logísticos que implicaram atrasos na entrega das peças…custos mais altos, tempos de imobilização maiores, portanto, o custo do rent-a-car de substituição também é mais alto", explica Galamba de Oliveira.

Assinala que tal como aconteceu no Extremo Oriente, em Portugal, à medida que as pessoas desconfinaram, houve mais gente a usar automóvel, e nos meses de agosto e de setembro deste ano já se registaram custos de sinistralidade superiores aos do ano passado.

Em relação às moratórias, José Galamba de Oliveira considera que "se estivermos numa situação idêntica à que estamos, provavelmente fará sentido, no início do ano, ou quando nos aproximarmos do 31 de março de 2021, se acharmos todos, a ASF, o Governo, e etc., não será por nós que essas moratórias não serão estendidas. Estamos aqui para facilitar e não para complicar a vida à população portuguesa". José Galamba de Oliveira considera que a consolidação no mercado português é mais difícil porque existe um conjunto de companhias bastante sólidas, com uma dimensão interessante para o mercado.
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