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Na dobragem do milénio, a criativa de Santa Maria da Feira despediu-se, mergulhou durante um mês numa escola de tendências em Milão e, no regresso a casa, começou a desenvolver colecções, a fazer contactos e prospecção de mercado, a delinear estratégias de marketing e comunicação. A percorrer um caminho que conduziu este projecto até à "moda em cortiça", como apresenta a Najha, que produz bolsas, chapéus, cintos, pequena marroquinaria, calçado e, mais recentemente, também peças de vestuário, como calças, saias ou corsários.
A "Corkwings" é uma gama para o mercado turístico e surgiu a pedido de clientes e para aproveitar alguns materiais.
Esta praticante de ioga, 40 anos, que adora animais e tem vários gatos de estimação, lidera uma equipa de quatro pessoas em torno do "conceito de eco-luxo" e no ateliê instalado em São João de Ver, num concelho afamado pela indústria da cortiça. Os fornecedores estão próximos e a produção do vestuário e do calçado, por exigir "máquinas específicas", é subcontratada na zona.
Além da marca principal, a empresa nortenha fundada em Abril de 2014 desenvolveu a "Corkwings by Najha", uma gama de produtos mais pequenos, preço médio inferior e rotatividade maior, que trabalha directamente com o mercado turístico. Porta-moedas e carteiras para o telemóvel são exemplos destes produtos que vieram "dar resposta a pedidos de alguns clientes" e em que também aproveita materiais.
Abrir a oriente e ao "private label"
Nome único na estrutura accionista, Daniela Sá já investiu à volta de 70 mil euros e "não [tem] dúvida nenhuma" de que o percurso académico e profissional na gestão e no marketing "ajudou muito" a resistir às adversidades iniciais. E a consolidar um projecto que, em termos médios e para o consumidor final, vende as bolsas entre 100 e 150 euros e o calçado entre 120 a 180 euros.
25%
Exportação
A Najha facturou cerca de 150 mil euros em 2016. Um quarto desse valor resultou dos mercados alemão, espanhol e checo.
2010
Mudança de rumo
Foi no arranque da década que Daniela Sá deixou o emprego no calçado e apostou em definitivo no projecto, que arrancou em 2014.
As operações realizadas através do site representam apenas 1% das vendas totais, que em 2016 rondaram os 150 mil euros e foram feitas sobretudo em casas de bolsas e marroquinarias, sapatarias multimarca e lojas específicas de artigos de cortiça. Do Minho ao Algarve, mas também em lojas de Espanha, Alemanha e República Checa, que no último exercício valeram um quarto da facturação. Na China e nos mercados árabes fez os "contactos mais recentes" e fixou a aposta internacional.
Depois de já ter entrado no segmento do "merchandising" para servir empresas que querem personalizar artigos para ofertas a clientes, a gestora prepara-se para "abrir portas ao 'private label'", aproveitando a mão-de-obra e os recursos disponíveis no ateliê para fabricar artigos para outras marcas.
Vestir, adorar e desenhar com origem vegetal
A linha de vestuário é um dos factores de diferenciação da marca nortenha, cujo público-alvo é sensível ao design e aos materiais.
Concorrência não veste nem é "vegan"
• Entre os maiores concorrentes estão marcas que usam a cortiça como material principal das suas colecções, como a Rutz, a Pelcor ou a Artelusa.
• Daniela Sá salvaguarda, porém, que além de uma linha de design "completamente diferente", essas marcas não têm um conceito "vegan" nem linha de vestuário.
Estilo dandy à porta das lojas
• Amantes da moda, com "um toque especial para o estilo dandy", e numa faixa de idades entre os 25 e os 55 anos: é o que a gestora aponta como público-alvo.
• A valorização da cortiça e do design da Najha são outros atractivos comuns para os clientes.
• A cortiça em tecido é fornecida por vários armazéns da região. Quando precisa de quantidades maiores, vai directamente às fábricas.
• Algodão orgânico, argolas, mosquetões, cursores, patilhas e logotipos são outros materiais comprados pela empresa.
Perguntas a Daniela Sá
Fundadora da Najha
Desafio é criar aquele clique: "É giro, quero!"
A Najha está a fechar acordo com importador nos EUA, que até já fez encomendas.
Porque quer apostar nos Estados Unidos?
Tenho pessoas dos EUA, que tomaram conhecimento da marca através do nosso site ou Facebook, a ligar-me, a dizer que vêm a Portugal e a perguntar em que lojas podem encontrar os nossos artigos. Isto é muito curioso e quer dizer que aquele mercado tem um potencial muito grande. É um mercado ávido por coisas que são naturais, que não tenham materiais de origem animal, e tem uma comunidade "vegan" enorme.
Qual é o plano?
Começar a fazer a promoção online. E depois teremos o apoio de um representante lá. Ainda não temos contrato assinado, mas é uma empresa de importação dirigida por portugueses que lá estão e que acabam por criar uma ligação entre o produto nacional e o mercado dos EUA. Ainda é muito recente, mas já fizeram algumas encomendas.
Que desafio representa esse mercado para a Najha?
O maior desafio é criar a estratégia de marketing certa. É nisso que me quero focar porque, tendo também o público-alvo definido, pode conseguir-se essa diferenciação, sem dúvida nenhuma. O desafio é criar aquele clique em que as pessoas olham e dizem: "Isto é bom, isto é giro, quero!"