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Taxas Euribor disparam após "desilusão" com Draghi
As medidas anunciadas pelo BCE ficaram aquém do esperado pelo mercado, provocando uma correcção acentuada nas taxas Euribor, que nos últimos dias tinham renovado mínimos históricos.
As taxas interbancárias que os bancos cobram nos empréstimos entre si registaram esta sexta-feira uma subida acentuada, com o mercado a ajustar as expectativas depois de as medidas anunciadas pelo Banco Central Europeu terem ficado aquém do esperado.
Segundo a Lusa, a taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação, subiu 2,1 pontos base para -0,03%. Uma subida bem expressiva face aos mínimos fixados consecutivamente ao longo das últimas sessões, tendo em conta que as variações diárias têm sido bem inferiores a um ponto base.
A subida desta sexta-feira recoloca a Euribor a seis meses no valor registado a 23 de Novembro.
Também na Euribor a três meses, que está em terreno negativo desde 21 de Abril passado, se verificou uma descida acentuada. A taxa foi fixada hoje em -0,113%, um aumento de 1,1 pontos base face à véspera que anula as descidas registadas nas quatro sessões anteriores.
Depois de ter sido fixada a 27 de novembro pela primeira vez abaixo de zero e ter caído na quinta-feira para um novo mínimo de -0,013%, a Euribor a nove meses subiu hoje para 0,014%.
A taxa Euribor a 12 meses também subiu, para 0,068%, um aumento de 2,9 pontos base em relação a quinta-feira. As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
Analistas estimavam corte mais acentuado na taxa de depósitos
É sobretudo a expectativa em relação à taxa dos depósitos que tem conduzido as taxas Euribor, já que quanto mais baixa for, maior será o incentivo para os bancos emprestarem dinheiro entre si, em detrimento do parqueamento de dinheiro no BCE.
Mario Draghi anunciou uma descida de 10 pontos base nesta taxa de depósitos, para -0,3%, sendo que muitos economistas apontavam para uma descida mais acentuada para -0,4%.
O presidente do BCE anunciou ainda um alargamento em seis meses do prazo em que o programa de compra de activos estará a ser implementado, sendo que gorou as expectativas de que iriar reforçar o montante mensal (actualmente em 60 mil milhões de euros).
Mario Draghi tinha criado no mercado a expectativa de que iria anunciar medidas poderosos para impulsionar a inflação no Euro. "Tanta excitação e, ainda assim, tanta desilusão", atira Azad Zangana. Para o economista sénior da Schroders, "a reputação de Mario Draghi, de apresentar sempre mais estímulos contra a expectativa dos mercados, chegou agora ao fim". Também Holger Schmieding nota que, "em grandes decisões no passado, Mario Draghi conseguiu ir além das expectativas por si criadas". "Desta vez não", aponta o economista-chefe do Berenberg.