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Bancos pedem apenas 129 mil milhões nos empréstimos baratos do BCE

Foram 306 os bancos da Zona Euro que recorreram à segunda ronda de empréstimos baratos do BCE. No total, a instituição já conseguiu emprestar 212,44 mil milhões de euros, muito abaixo do objectivo traçado de 400 mil milhões.

11 de Dezembro de 2014 às 10:42
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O Banco Central Europeu (BCE) divulgou esta quinta-feira, 11 de Dezembro, o resultado da segunda ronda dos empréstimos de longo prazo condicionados ao financiamento à economia (TLTRO). Uma operação que atraiu apenas a procura de 306 bancos da Zona Euro, que procuraram junto do banco central um total de 129,84 mil milhões de euros.

 

Esta ronda de TLTRO, que teve início a 20 de Dezembro e cujo prazo limite para apresentação dos montantes terminou na quarta-feira, ficou abaixo das previsões. A média das estimativas dos analistas consultados pela Bloomberg apontava para os 148 mil milhões de euros. Uma expectativa defraudada une as duas fases destas operações. Na primeira, o BCE apenas atraiu a procura por 82,6 mil milhões. Feitas as contas, os bancos da Zona Euro pediram ao banco central um total de 212,44 mil milhões através das TLTRO, um valor muito inferior à meta de 400 mil milhões de euros definida por Mario Draghi.

 

"O valor exacto para a segunda ronda de TLTRO não importa", defendeu a equipa de estratégia de mercado de dívida do Rabobank, em nota de análise emitida esta quarta-feira, 10 de Dezembro. "O importante é que, quer fique em linha com o consenso, muito acima, ou abaixo deste, continua a ser significativamente inferior ao objectivo traçado pelo BCE, quando originalmente anunciou a operação."


"Estimo que o valor de empréstimos pedidos pelos bancos continue a ser reduzido [nesta segunda ronda], confirmando a expectativa de que a oferta de crédito já não é o problema na Zona Euro, mas sim a procura", afirmou ontem Anatoli Annenkov. Por isso, disse o economista sénior do Société Générale para a Europa, "o BCE terá de alargar o seu programa de compra de activos no início do próximo ano, de modo a incluir o crédito de empresas, bem como as obrigações soberanas".

 

No centro do debate tem estado a possibilidade de o BCE avançar para a compra de dívida soberana. A equipa do Rabobank, liderada por Richard McGuire, acredita que estas "serão anunciadas pelo BCE na sua reunião de Março". Isto porque, escrevem os responsáveis, "parece claro que todas as medidas anunciadas para a expansão do balanço [do banco central] ficarão longe do objectivo do BCE de atingir os três biliões de euros".

 

Compras de activos aquém do objectivo traçado

 

Esta medida apenas poderia ser evitada, caso o banco central acelerasse a sua compra de "covered bonds" (obrigações sobre hipotecas e obrigações sobre crédito bancário ao sector público) e instrumentos de dívida titularizados. Algo que não está a acontecer.

 

A instituição liderada por Mario Draghi anunciou esta semana que as compras de activos entre 1 e 5 de Dezembro ascenderam a 3,359 mil milhões de euros. Um valor que fica bem abaixo dos 5,446 mil milhões da semana anterior e que eleva o total das sete semanas a 21,528 mil milhões. Um ritmo que está a dificultar o objectivo traçado por Mario Draghi.

 

O presidente do BCE afirmou que queria fazer crescer o balanço do banco central em um bilião de euros, até ao final de 2016. Contudo, mesmo contando com o montante das TLTRO, este só deverá aumentar em cerca de 542 mil milhões de euros, ligeiramente mais de metade do objectivo definido.

 

CGD participou nesta ronda. Santander e BPI não

 

Entre os bancos portugueses, confirmado está que a Caixa Geral de Depósitos recorreu à segunda ronda de TLTRO, tal como o Negócios avança na edição desta quinta-feira. "Confirmamos que a CGD recorreu a esta operação de TLTRO", disse fonte oficial recusando, contudo, divulgar o montante. Já do lado do Santander Totta, a resposta foi negativa, com fonte da instituição a assegurar que o banco não participou. O Negócios sabe ainda que a justificar a não participação do banco está o facto de, na primeira ronda de TLTRO, este ter atingido o limite máximo definido pelo BCE para cada instituição da Zona Euro.

 

Já em relação ao BPI, apurou o Negócios, este também não recorreu à operação. Questionado se tinha também procurado o financiamento através das TLTRO, o BCP declinou responder e, no que toca ao Novo Banco, não foi possível obter qualquer comentário.

 

No inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito no terceiro trimestre, o Banco de Portugal revelava que "pretendem participar [na operação de Dezembro] três dos bancos inquiridos, por considerarem que as condições da operação são atractivas". Por outro lado, "um dos bancos inquiridos não pretende participar, por ter excedido na operação de Setembro o montante da autorização de empréstimo inicial, e outro banco ainda não tomou uma decisão", sublinhava ainda o inquérito.

 

A confirmar-se a participação de três instituições, ficará acima da registada na primeira ronda das TLTRO. Em Setembro, apenas dois bancos portugueses recorreram a esta linha de crédito direccionada, uma das mais recentes medidas de política monetária da instituição liderada por Mario Draghi.

 

Bancos espanhóis e italianos em força na operação

 

Após a divulgação dos resultados totais pelo BCE, vários bancos surgiram a anunciar o montante que procuraram nesta segunda ronda de TLTRO. Apenas bancos espanhóis e italianos apontaram a quantia que foram buscar junto do banco central, num valor que ascende a 12,518 mil milhões de euros. Ou seja, cerca de 10% do total.

 

Entre estes, os italianos Monte Paschi e UBI foram as instituições que mais liquidez pediram ao BCE, com um montante de 3,3 e 3,2 mil milhões de euros, respectivamente. Quanto aos bancos espanhóis, o BBVA foi o que mais se destacou até ao momento, com o banco central a conceder 2,6 mil milhões. Logo seguido pelo Bankinter, cuja procura ascendeu a 1,5 mil milhões.

 

(Notícia actualizada às 11h57)

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