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A dívida que passou de besta a bestial

Os juros da dívida soberana portuguesa entraram em 2014 muito elevados, mas desde logo começaram a recuar. Chegaram mesmo a atingir mínimos históricos, com a ajuda da saída "limpa da troika", da subida de "rating" pela Moody's e pelo sucesso do regresso aos mercado. No final, Portugal foi o campeão das rendibilidades.

31 de Dezembro de 2014 às 12:30
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Portugal entrou em 2014 com o pé esquerdo. Com a taxa de juro a 10 anos nos 6,13%, a margem para a recuperação era enorme. E assim foi. A saída "limpa" da troika e o regresso de sucesso aos mercados deram ânimo aos investidores. De tal forma que as "yields" caíram para menos de metade, até registarem novos mínimos históricos. Entre tudo isto, a Grécia voltou a abalar os alicerces. Contudo, Portugal consegue fechar o ano com o pé direito e o título de campão mundial das rendibilidades.

 

Apesar da forte queda registada em 2013, os juros da dívida soberana portuguesa estavam ainda muito elevados. Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças de José Sócrates, apontou uma vez para os 7% como um nível crítico. Com as "yields" ainda acima de 6%, a segurança estava ainda longe de adquirida. Mas Janeiro foi um mês de bom augúrio para Portugal. Em apenas 31 dias, os juros caíram para os 5%, como pode ver nesta infografia.

 
Leilões
Portugal realiza em Abril o primeiro leilão de obrigações do Tesouro sem a ajuda de um sindicato bancário.

 

Os meses foram passando e os juros caindo. Uma tendência positiva que abriu as portas do mercado à Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP). A 23 de Abril, o instituto então liderado por João Moreira Rato realizava a primeira emissão de dívida – entre as duas durante o seu mandato - sem o auxílio de um sindicato bancário, desde a entrada da troika em Portugal. Uma operação pautada pelo sucesso, já que o Estado conseguiu financiar-se a uma taxa de juro de apenas 3,575%. O Governo regozijou-se e, a 4 de Maio, anuncia a saída "limpa" do programa de ajustamento financeiro

 

O mote positivo estava dado e, apenas cinco dias depois, surge um novo ímpeto. O 9 de Maio de 2014 fica marcado pela primeira subida do "rating" de Portugal, tendo sido protagonizado pela Moody’s. A alteração foi de "Ba3" para "Ba2" mas, a 27 de Julho, a agência de notação financeira volta ainda a subir a avaliação da dívida portuguesa, desta vez para "Ba1, o último nível de "investimento especulativo".

 

E é em pleno Agosto que Portugal alcança outra vitória. A dívida a 10 anos atinge um mínimo histórico no mercado secundário, algo que tem vindo a renovar por sucessivas vezes, apesar dos vários abalos gregos. Este é agora de 2,679%, um nível do qual a "yield" se mantém muito próximo. Um mês depois, Cristina Casalinho toma a liderança do IGCP e dá continuidade às emissões de dívida que eram seguidas pelo seu antecessor. Foram mais dois leilões de obrigações do Tesouro, entre outros de maturidades mais reduzidas e ainda um de troca, já no final do ano. 

 
Campeão dos retornos
Portugal registou a maior valorização dos preços das obrigações em 2014.

 

Mas é no balanço do ano que surge a grande conquista. Os títulos de dívida portuguesa a 10 anos valorizaram quase 34%, liderando os ganhos a nível mundial. Uma tendência também registada no somatório das maturidades acima de um ano, com Portugal a registar um ganho superior a 22%, ultrapassando os que eram vistos como vencedores antecipados: EUA e Reino Unido.

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