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Sem alteração das linhas de obrigações, juros portugueses estariam a descer

Portugal está a registar fortes subidas nas taxas de juro. Desempenhos explicados pelas alterações feitas pelo IGCP às linhas de obrigações que são consideradas como referência para cada maturidade. Sem esse efeito, os juros estariam a recuar.

Miguel Baltazar/Negócios
21 de Janeiro de 2016 às 11:57
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As taxas de juro da dívida soberana portuguesa estão em forte alta esta quinta-feira, 21 de Janeiro. Desempenhos registados nas obrigações do Tesouro (OT) a 10 anos, mas também em títulos com maturidades inferiores. A justificar estas subidas estão as alterações nas linhas que são consideradas de referência. Sem esse efeito, as taxas de juro até estariam em queda.

A "yield" das obrigações a 10 anos avança 15,7 pontos base para 3,083% nesta sessão. Já as taxas de juro a três e quatro anos estão a disparar, respectivamente, 48,7 pontos para 0,853% e 48,8 pontos para 1,343%. Numa sessão em que os juros de Espanha e Itália estão a recuar, estas fortes subidas são explicadas pela mudança nas linhas de referência no mercado secundário.

Isto porque, há uma semana, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) realizou uma emissão sindicada de dívida a 10 anos. Esta operação teve por base o lançamento de uma nova linha de obrigações nesta maturidade, sendo que os títulos apenas começaram a negociar no mercado esta quinta-feira. Uma estreia que levou o Tesouro a reajustar algumas das linhas de referência noutras maturidades.

Isso mesmo aconteceu com a anterior linha de referência a 10 anos. Esta continua a ser um indicador da dívida portuguesa, mas desta feita para a maturidade a nove anos. Uma vez que está a negociar nos 2,869%, se esta ainda fosse a linha de referência a 10 anos, a taxa de juro estaria a cair 5,7 pontos, face aos 2,926% do fecho de quarta-feira.

Um forte impacto está também a ser registado nas referências a cinco, quatro, três e dois anos. Estas passaram também a ter por base outras linhas de obrigações, o que aumentou automaticamente a taxa de juro. Segundo os cálculos do IGCP, o impacto destas alterações nos títulos a cinco anos, por exemplo, foi de 33 pontos base. Assim, excluído este efeito, a taxa de juro não estaria a subir 31,1 pontos para 1,674%, mas sim a cair 1,9 pontos para 1,344%.

Mais significativo é o impacto apontado pelo IGCP nas linhas a três e quatro anos, já que ascendem, respectivamente, a 49 e 51 pontos base. No mesmo sentido, se o Tesouro não tivesse realizado a alteração – que considera necessária para "evitar desvios significativos da maturidade de cada linha de obrigações com o prazo para o qual serve de referência" –, a taxa de juro nestas maturidades estaria a recuar, respectivamente, 0,3 pontos para 0,363% e 2,2 pontos para 0,833%.

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