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Receios dos investidores levam juros da dívida para máximos de Julho

Desde a crise grega no início do Verão que os juros da dívida portuguesa não eram tão elevados. Chegaram a disparar mais de 20 pontos base, com a taxa a 10 anos a encerrar em máximos de Julho. Os investidores receiam a possibilidade de um Governo PS, apoiado por BE e PCP.

Mario Proenca/Bloomberg
09 de Novembro de 2015 às 17:39
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Os juros da dívida soberana encerraram em forte alta a sessão desta segunda-feira, 9 de Novembro. As subidas foram comuns a todas as maturidades, com a taxa a 10 anos a disparar um máximo de 23,3 pontos. Desempenhos que reflectem o receio dos investidores face à possibilidade de um executivo do PS, apoiado por BE e CDU. Este ano, só a possibilidade a Grécia sair da Zona Euro assuntou mais os mercados.

Subidas generalizadas e acentuadas. Assim foi a sessão desta segunda-feira para a dívida portuguesa, já que desde as "yields" das obrigações do Tesouro a dois anos até às dos títulos a 30 anos atingiram máximos de vários meses. A taxa de juro das obrigações a 10 anos disparou 15 pontos base para 2,831%, a maior subida desde 6 de Julho. Este valor é já superior ao registado no início do ano, quando a taxa de juro estava nos 2,687%.

A reflectir estas fortes subidas esteve o prémio de risco exigido pelos investidores para comprar dívida portuguesa. O "spread" de Portugal face à taxa da dívida alemã a 10 anos disparou para 216,95 pontos, também o valor mais elevado desde Julho. A motivar estaa subidas estão os fortes receios face a um governo formado pela esquerda parlamentar portuguesa.

"O programa apoiado pela esquerda inclui várias propostas susceptíveis de irritar os credores oficiais do país", atira o Rabobank, numa nota de análise divulgada esta segunda-feira. Entre estas, exemplifica, está "a reversão dos cortes salariais da função pública, efectuados durante o programa de resgate, e a reversão de privatizações já em curso", como é o caso da TAP e da EGF.

Já o Royal Bank of Scotland destaca que "o programa da coligação de esquerda é claramente menos ‘amigo dos mercados’ do que o programa do Governo incumbente". Os especialistas do banco britânico apontam directamente para medidas como "aumentos do salário mínimo", "uma reversão no congelamento das pensões e dos salários da função pública", "o restabelecimento de quatro feriados públicos abolidos em 2012", entre outros. Razões que levam o RBS a reiterar que "preferem expressar o positivismo em relação ao BCE, através [de dívida pública] de Espanha e Itália".

Os máximos registados nesta sessão pelos juros da dívida portuguesa só são ultrapassados pelos valores alcançados durante o impasse que se viveu na Grécia este ano. É que os máximos de Junho e Julho remontam precisamente ao pico da tensão nas negociações entre o Governo grego e os parceiros europeus. Esse foi o período em que especulou-se a saída da Grécia da zona euro poderia estar eminente.
Yield das obrigações a 10 anos em máximos desde Julho


Spread superou os 200 pontos base
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