Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Portugal será o primeiro a bater nos limites do Banco Central Europeu

A dívida portuguesa será a que mais rapidamente vai atingir os limites das regras do programa de compras do BCE. Segundo a Pictet isso deverá acontecer no próximo Verão. E, nos últimos meses, Portugal é dos mais prejudicados nas compras.

18 - Lisboa
Reuters
19 de Dezembro de 2016 às 22:00
  • ...

Portugal é um dos países em que o Eurosistema tem sido mais comedido no programa de compras do sector público, devido à escassez de títulos que cumpram os critérios definidos pelo BCE. E, segundo a Pictet, a dívida portuguesa será a primeira a atingir os limites definidos pelo banco central. A estimativa é que isso aconteça no  próximo Verão, assumindo já compras inferiores à da meta indicativa do BCE. 

"A nossa melhor estimativa é que o limite de 33% por emitente imposto nas compras de obrigações governamentais será provavelmente um duro constrangimento no Verão de 2017, ou alguns meses depois se Portugal emitir mais obrigações que o previsto", refere Frederik Ducrozet, numa nota a investidores a que o Negócios teve acesso.  O economista-chefe da Pictet  para a Europa estima mesmo que Portugal seja o primeiro a atingir os limites impostos pelo BCE, seguido pela Irlanda e pela Eslovénia.  

 Na última reunião, o banco central liderado por Mario Draghi não flexibilizou a regra do limite de 33% por emitente e por linha, contrariamente ao antecipado por alguns analistas. E  Frederik Ducrozet não tem dúvidas, "além das preocupações sobre a retirada dos estímulos, a escolha de instrumentos por parte do BCE para mitigar a escassez de títulos é negativa para a periferia".

Apesar de não ter flexibilizado os limites por emitente, o BCE deixou cair a regra de não poder comprar títulos com "yield" abaixo da taxa de depósitos (-0,40%), medida que resolve o problema de haver poucas obrigações germânicas para comprar.

E no mercado a diferenciação entre as obrigações alemãs e portuguesas intensificou-se após a reunião do BCE. O diferencial entre as taxas dos dois países alargou de 316 pontos base, para 351 pontos base, desde a reunião da instituição, no passado dia 8 de Dezembro. Nos últimos dois anos, a média dessa diferença é de 246 pontos base, segundo os dados da Bloomberg.

Compras bem abaixo da chave de capital

Uma das indicações dadas pelo BCE é de que o ritmo das compras mensais deve corresponder à participação que cada país tem no capital do banco central. Mas, no caso português é onde se registam maiores desvios abaixo daquela referência.

"As compras de obrigações portuguesas têm sido mais baixas que a ‘meta’ mensal implícita pelas chaves de capital desde Abril de 2016. Este desvio aumentou desde Julho, para uma média de 450 milhões, 30% a 40% da meta teórica", considera Frederik Ducrozet.  E se o peso do BCE nas compras mensais de dívida portuguesa já é mais baixo, os receios dos analistas é que esse efeito se desvaneça mais.

O Commerzbank, por exemplo, estima, numa nota a investidores, que "para salvaguardar a implementação [do programa em Portugal], seria necessário uma redução de 50% do ritmo das compras mensais, contingente a que o IGCP atinja  a meta de emissões de 17,5 mil milhões de euros". Também o Société Générale previa que para manter as compras de dívida nacional até final de 2017, o montante mensal poderia ser reduzido dos actuais mil milhões de euros para  menos de 500 milhões.

Ver comentários
Saber mais BCE Mario Draghi Obrigações Programa alargado de compra de activos Banco de Portugal Pictet Commerzbank
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio