Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Portugal continua a emitir dívida de curto prazo com taxas negativas em mínimos históricos

O IGCP colocou 1.250 milhões de euros em bilhetes do Tesouro com maturidade a 11 e 3 meses com o custo de financiamento mais baixo de sempre.

Bruno Simão
17 de Fevereiro de 2021 às 10:42
  • ...

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) concretizou esta quarta-feira um duplo leilão de dívida de curto prazo, em que encaixou 1.250 milhões de euros, continuando a financiar-se a taxas negativas nas maturidades curtas em mínimos históricos.

 

Foram colocados 625 milhões de euros em bilhetes do Tesouro com maturidade em 21 de janeiro de 2022 (11 meses), tendo a yield ficado em -0,524%. E 625 milhões de euros em títulos com maturidade em 21 de maio de 2021 (3 meses), com uma yield de -0,543%.

 

No primeiro leilão do ano, realizado em janeiro, o instituto liderado por Cristina Casalinho colocou 750 milhões de euros em títulos da mesma linha com maturidade em janeiro de 2022 (12 meses), tendo a yield sido fixada em -0,522%, o que representou um mínimo histórico.

O último leilão comparável aconteceu em agosto, quando a yield nos títulos a 11 meses ficou em -473% e a taxa dos títulos a 3 meses situou-se em -0,501%.

 

Apesar do agravamento que se tem verificado nas taxas de juro no mercado secundário, Portugal continua assim a conseguir-se financiar-se com as taxas mais baixas de sempre.

 

Além disso, continua elevada a procura dos investidores. Nos títulos a 11 meses os investidores deram ordens superiores em 2,75 vezes a oferta, enquanto nos títulos a 3 meses o rácio foi de 2,87 vezes.

 

No mercado secundário as taxas de juro da dívida soberana de Portugal (e outros países europeus) têm subido nos últimos dias, a refletir a tendência de aposta na reflação (expectativa de crescimento económico acompanhado de inflação), o que diminui o apetite por ativos de menor risco, como é o caso das obrigações. 

A yield das obrigações do Tesouro a 10 anos está hoje em 0,173%, já distante dos valores negativos registados no mês passado.

 

Ainda assim, o BCE continua no terreno com um forte programa de estímulos monetários, o que deverá continuar a suportar o mercado de dívida soberana europeu ao longo de 2021.

"Apesar de nas últimas semanas termos assistido a uma subida nas yields de longo prazo na dívida soberana, este movimento não se fez sentir na dívida de curto prazo", diz Filipe Silva, do banco Carregosa, explicando que "a necessidade de apoios dos Bancos Centrais ainda está bem latente no mercado de crédito, os novos confinamentos vieram trazer ainda mais incertezas relativamente à velocidade da recuperação económica e a possibilidade de terem de vir a ser implementadas novas medidas para estimular a economia".

Desta forma, "as taxas irão continuar baixas e permitir a quem emite dívida que o faça com taxas negativas",diz Filipe Silva. 

 

A presidente do IGCP, Cristina Casalinho, explica em entrevista ao Público que é preciso aproveitar agora para emitir dívida com juros muito baixos, porque isso pode mudar no futuro.

 

"O chão das taxas de juro baixas poderá já estar para trás de nós e portanto é tentar emitir enquanto esta janela não fecha", defende Cristina Casalinho na entrevista ao jornal Público, esta quarta-feira.

 

No início deste mês o IGCP realizou a primeira emissão sindicada de dívida deste ano, com a colocação de títulos a 30 anos, que ficou marcada por um forte interesse dos investidores com a subscrição de 3 mil milhões de euros em títulos com uma yield de 1,02%.

Ver comentários
Saber mais Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública IGCP
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio