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Juros renovam máximos de quase um ano com efeito EUA

Os agravamentos, visíveis na dívida portuguesa, são sentidos um pouco por toda a Zona Euro. Depois dos sinais de aumento da inflação, são agora notícias positivas sobre o mercado de trabalho nos EUA a afastarem os investidores das obrigações.

Bloomberg
06 de Janeiro de 2017 às 15:52
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Depois das expectativas sobre uma possível retirada mais acelerada dos estímulos na Zona Euro, desta vez é a robustez da economia norte-americana a castigar as ‘yields’ associadas à negociação das obrigações dos países membros da moeda única, levando os juros de Portugal para novos máximos de quase um ano.


Os juros da dívida portuguesa em mercado secundário mantêm-se acima dos 4% na maturidade a dez anos pela segunda sessão consecutiva, tendo chegado a transaccionar nos 4,080%, agravando-se em 4,9 pontos base. As apreciações atenuaram-se entretanto e os juros seguem a apreciar 2,3 pontos base, para 4,053%.

Este é um novo máximo intradiário desde Fevereiro de 2016 e o ritmo de valorizações não é dos mais elevados na Zona Euro, onde os juros apreciam na generalidade dos países e não apenas nos periféricos. Também as "treasuries" norte-americanas a dez anos reagiram com agravamento - de 6,5 pontos base para 2,41% - e o dólar a avançar 0,35%, para 0,9461 euros.

A pressão vendedora segue-se a notícias de reforço do mercado de trabalho nos EUA em Dezembro, naquele que é o último relatório deste sector antes da saída de Barack Obama da presidência da maior economia do mundo e da tomada de posse de Donald Trump.

O crescimento dos salários (apesar de o emprego ter evoluído a um ritmo inferior ao esperado) levam os investidores a especular sobre uma possível aceleração do ritmo de aumento dos juros nos EUA este ano, suportada numa maior robustez da economia.

A Reserva Federal sinalizou a possibilidade de três subidas nos juros este ano (depois de em Dezembro ter feito a segunda actualização em alta no espaço de um ano) enquanto alguns analistas apontam para a eventualidade de duas subidas.

Nos últimos dias foi o aumento da inflação mais do que o esperado - conhecido primeiro na Alemanha e confirmado depois na generalidade da Zona Euro - a conduzir os juros da dívida soberana a agravamentos, pela especulação da retirada dos estímulos do Banco Central Europeu, nomeadamente ao programa de compra de dívida soberana.

Ainda ontem vários economistas alemães se pronunciaram nesse sentido, considerando que está na altura de o BCE voltar a aumentar os juros e devolver rendibilidade às poupanças dos alemães nos bancos. Já esta sexta-feira, Yves Mersch, membro da comissão executiva do banco central, defendeu que é cedo para dizer que a batalha contra a inflação baixa e o fraco crescimento da economia da Zona Euro acabou, apesar dos sinais de aumentos de preços.

Esta manhã, a caminho da Índia onde estará em visita durante seis dias, o primeiro-ministro mostrou-se "muito confiante" em relação à inversão da tendência de agravamento dos juros nos últimos dias, dizendo acreditar que os mercados irão "percepcionar a realidade da economia portuguesa", nomeadamente a execução orçamental, a redução da dívida e ao facto de o país ter um dos "maiores saldo primários" da UE.

"É um assunto que temos vindo a acompanhar, mas estamos muito confiantes, já que vão sendo conhecidos os dados fundamentais da nossa economia", declarou António Costa, citado pela Lusa.

Ao início da tarde, mas em Lisboa - onde prestava cumprimentos de ano novo do Parlamento ao Presidente da República -, o presidente da Assembleia, Ferro Rodrigues, deixava contudo uma leitura mais preocupada sobre a subida dos juros. Reconhecendo que está relacionada com factores exógenos - "para as quais nada contribuímos" -, Ferro disse esperar que "haja da parte do BCE e das autoridades portuguesas a capacidade de travar esta situação".

(Notícia actualizada às 16:00, com mais informação)

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