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Juros disparam para quase 4% após perspectiva de subida da inflação na Alemanha

Os juros da dívida portuguesa voltam a aproximar-se dos 4% na maturidade a 10 anos. A previsão do Bundesbank de que a inflação na Alemanha tenha atingido os 2% em Janeiro está a elevar, novamente a especulação em torno da necessidade de retirada de estímulos por parte do BCE.

Miguel Baltazar/Negócios
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A previsão divulgada esta segunda-feira, 23 de Janeiro, pelo banco central alemão (BundesbanK), e que estima que, em Janeiro, a inflação na Alemanha terá atingido os 2%, teve um impacto imediato na negociação dos juros da dívida pública portuguesa, que reagiram em alta. 

Os juros da dívida pública nacional estão a subir em todas as maturidades mais longas, com a "yield" associada às obrigações lusas com prazo a 10 anos a crescer nesta altura 3,4 pontos base para 3,906%. 
Isto depois de às 11:57 as obrigações a 10 anos terem mesmo atingido os 3,915%, aproximando-se novamente da barreira psicológica dos 4%. Uma vez mais também é a evolução da inflação na Alemanha a determinar o aumento dos juros exigidos pelos investidores nos mercados secundários para adquirirem títulos de dívida lusa.

 

No início do presente mês de Janeiro, a "yield" a 10 anos já esteve em diversas ocasiões acima dos 4%, sendo que no dia 9 de Janeiro a taxa de juro tocou nos 4,109%, o que representou o valor mais elevado desde Fevereiro do ano passado, altura em que se debatia a possibilidade de o Orçamento do Estado para 2016 não merecer aprovação da parte das instâncias europeias.

Além da subida dos juros, o risco da dívida portuguesa (que é medido pelo spread relativamente à dívida alemã) também está a aumentar. Porque enquanto a "yield" associada às obrigações portuguesas está a subir, a taxa de juro das "bunds" (obrigações germânicas) está a recuar 2,5 pontos base para 0,397%. Assim, o spread cresce agora 5,1 pontos para 344,9 pontos.

 

O Bundesbank informou esta segunda-feira que, "devido a um considerável aumento nos preços médios diários dos produtos petrolíferos, a taxa [de inflação] poderá atingir os 2% em Janeiro". O crescimento da inflação em Dezembro, mês em que aconteceu a maior subida desde 2013, com a inflação alemã a fixar-se nos 1,7%, um valor bem acima do crescimento estimado de 1,4%, 

 

Num relatório mensal, citado pela Reuters, o banco central alemão deixa assim a indicação de que a subida dos preços ao consumidor na maior economia europeia poderá, pela primeira vez em quatro anos, tocar o tecto definido pelo Banco Central Europeu (BCE).

 

A aceleração mais rápida da inflação na Alemanha confirma o movimento verificado em Dezembro, quando a taxa subiu 1,7% naquela que foi a maior subida desde 2013. Já no conjunto dos países da moeda única ficou-se pelos 1,1%. O valor na Alemanha foi superior ao estimado e entendido como um sinal de que 2017 pode ser um ano de respostas menos expansionistas dos bancos centrais. Também então o aumento dos preços nos consumidores foi justificado com a valorização do preço do petróleo.

 

Estes dados relativos ao motor da Zona Euro aumentam ainda mais a pressão para a entidade liderada por Mario Draghi reduzir as medidas de estímulo. No entanto, o organismo com sede em Frankfurt já argumentou que olha para os valores da inflação no conjunto dos países e que só "baixaria a guarda" no caso de haver uma subida alargada e contínua dos preços.

Mario Draghi, presidente do BCE, defendeu na semana passada que a recente subida da inflação na Zona Euro reflecte "principalmente o forte aumento na inflação da energia", sustentando que "não há sinais de uma tendência crescente convincente na inflação subjacente". O italiano disse ainda esperar que a inflação global continue a subir nos próximos meses, tendo avisado que tal movimento não levará a uma mudança da política monetária prosseguida pelo BCE.

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