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Inflação leva economistas alemães a pedir aumento de juros ao BCE

Com os preços na Zona Euro e na Alemanha a dispararem em Dezembro, os economistas germânicos entendem que é tempo de Mario Draghi retirar o pé do acelerador dos estímulos monetários. E devolver rendibilidade aos aforradores.

Jasper Juinen/Bloomberg
05 de Janeiro de 2017 às 13:25
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Depois de a inflação na Alemanha ter disparado em Dezembro, o caminho do objectivo estabelecido pelo Banco Central Europeu (BCE) – próximo mas abaixo dos 2% -, e de os preços nos 19 países da moeda única também terem reagido em alta, vários economistas germânicos vêm agora pressionar a autoridade monetária a aumentar o preço do dinheiro.


Segundo a Reuters, o movimento dos economistas alemães sugere o regresso dos receios com a hiperinflação que marcou os anos 20 do século passado na Alemanha. Em Dezembro, a economia germânica viu os preços crescerem ao ritmo mais elevado em mais de três anos, com um aumento de 1,7% da inflação, que compara com um ritmo anualizado de 0,7% um mês antes.


"É tempo de normalizar [a política monetária]," defende o economista-chefe do DZ Bank, Stefan Bielmeier, ao jornal Bild, acrescentando que agora é "realizável" uma alteração nas taxas de juro. Quem também prevê o fim próximo da política monetária ultra-expansionista de Mario Draghi é Isabel Schnabel, uma das conselheiras económicas da chanceler Angela Merkel.


O Banco Central Europeu tem vindo a descer o preço do dinheiro na tentativa de devolver dinamismo à economia europeia e estimular a actividade de crédito, mantendo a taxa de juros sobre as principais operações de refinanciamento em 0%, enquanto a taxa de depósitos junto do banco é negativa em -0,4%. Além disso tem em curso um programa de compra de activos, entre dívida pública e privada, que durará até ao final deste ano.


"Quanto mais cedo a taxa de inflação atingir o objectivo de 2%, mais depressa o BCE pode aumentar as taxas de juro. E os aforradores também tirariam partido disso", defendeu ao mesmo jornal Marcel Fratzsche, do DIW Institute, aludindo à remuneração de que as poupanças poderiam beneficiar com juros mais elevados. Michael Stappel, do DZ Bank, conclui que as poupanças dos alemães estão a ser desvalorizadas e que os juros baixos vão levar os depositantes alemães a perderem 36 mil milhões de euros em 2017.


Nos últimos dias, o crescimento inesperado dos preços na zona euro – em grande parte motivada pelo aumento da componente energética – levou ao agravamento generalizado dos juros da dívida soberana dos países que partilham a moeda única, perante a especulação de que o aumento da inflação possa levar à retirada antecipada dos estímulos, nomeadamente a compra de obrigações que tem nos últimos meses levado ao alívio das ‘yields’.


Esta quinta-feira os juros de Portugal continuam a reflectir esse impacto e já superaram a barreira dos 4%, em máximos de quase um ano, a acompanhar o movimento de agravamento a que se assiste na generalidade dos países do sul do euro.

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