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Ferro admite que vulnerabilidade de Portugal está "bem à vista"
O presidente do Parlamento considera que a subida dos juros da dívida pública portuguesa verificada nos últimos dias mostra como 2017 vai ser um ano de problemas.
O presidente da Assembleia da República defendeu esta sexta-feira que Portugal enfrentará problemas em 2017 e que a subida dos juros da dívida são disso exemplo. Ferro Rodrigues admitiu as vulnerabilidades do sistema financeiro, da economia e do país "estão bem á vista", apesar de considerar que em nada Portugal contribuiu para isso.
No âmbito da visita desta sexta-feira, 6 de Janeiro, ao Palácio de Belém, em que uma delegação parlamentar foi apresentar cumprimentos ao Presidente da República, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, aproveitou a ocasião para respaldar o Governo, sustentando que a recente subida acentuada dos juros da dívida pública nada tem que ver com as decisões governamentais. No entanto, não deixou de expor as fragilidades da economia nacional.
"2017 também vai ter certamente muitos problemas", disse o presidente do Parlamento. "Começou já com esta situação em que a debilidade e a vulnerabilidade de Portugal - do seu sistema financeiro, da economia e da situação do país - estão bem à vista com as subidas das taxas de juro, para as quais nada contribuímos, nos últimos dias. Mas em que se espera que haja da parte do BCE e das autoridades portuguesas a capacidade de travar esta situação", acrescentou.
Na passada terça-feira assistiu-se a uma forte subida da taxa de juro associado às obrigações de dívida portuguesas, facto que os analistas associaram sobretudo ao crescimento acima do esperado da inflação na Alemanha. Os juros portugueses com prazo a 10 anos avançaram mesmo para o valor mais elevado desde Fevereiro do ano passado, período marcado pela incerteza em torno da validação do Orçamento do Estado para 2016 por Bruxelas. Também o risco da dívida subiu para máximos de Fevereiro.
No seu discurso, Ferro Rodrigues abordou também a incerteza política ao nível internacional, agravada em especial pela eleição de Donald Trump como futuro presidente dos Estados Unidos, bem com as eleições que vão decorrer este ano na Europa.
Já Marcelo Rebelo de Sousa, que começou por elogiar Ferro pela "forma como tem exercido a sua função", preferiu não fazer comentários sobre as questões eminentemente políticas que haviam sido referidas pelo presidente do Parlamento, com o Presidente a dizer sentir-se "dispensado de fazer considerações políticas".
Ainda assim, Marcelo destacou a "capacidade abrangente e diversidade de posições das formações com assento parlamentar", defendendo que esse é um factor que contribui para que em Portugal, contrariamente ao que sucede em vários países europeus, não se assista ao crescimento de forças de cariz populista.
O relacionamento entre Belém e o Parlamento foi também elogiado por Marcelo, para quem os últimos meses foram "tão, tão agradáveis que foi rápido, dei por mim a pensar que mais seis meses e estamos a meio da legislatura".