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Investidores já pagam para ter dívida alemã a 30 anos

A dívida soberana com taxas abaixo de 0% já supera os 14 biliões de dólares.

Reuters
02 de Agosto de 2019 às 12:06
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O domínio das taxas negativas no mercado de dívida soberana atingiu esta sexta-feira mais um marco relevante. As obrigações alemãs a 30 anos passaram a negociar com uma "yield" negativa, pelo que a curva de rendimentos da dívida da maior economia europeia já está negativa em todas as maturidades.

Quer isto dizer que os investidores já aceitam pagar para ter em carteira títulos de dívida que só serão reembolsados dentro de 30 anos. E a Alemanha não é o primeiro país europeu onde tal acontece, pois a curva de rendimentos na Suíça e na Dinamarca também já está negativa em todos os prazos.

De acordo com a Bloomberg, a dívida transacionada nos mercados com "yields" negativas já supera os 14 biliões de dólares.

A "yield" das "bunds" alemãs a 30 anos está hoje em -0,007%, uma queda de 9,9 pontos base face a ontem. No prazo a 10 anos, a taxa está em -0,501%, já em linha com a taxa dos depósitos que deverá estar em vigor na Zona Euro em setembro. Os economistas estimam que Mario Draghi baixe esta taxa em 10 pontos, face aos atuais -0,4%.

Na Suíça, a taxa dos títulos a 30 anos está em -0,34%, uma queda de 12,6 pontos base em relação a ontem.

Não é só nestes países que estão a baixar as taxas de juro que os investidores exigem. No caso da dívida portuguesa, a "yield" dos títulos a 10 anos está a descer 6,1 pontos base para 0,274%, muito perto do mínimo histórico fixado no mês passado. No prazo a 30 anos, a taxa dos títulos portugueses está a recuar 8,9 pontos base para 1,183%.

O facto de as obrigações dos países considerados mais seguros (como Alemanha e Suíça) já estarem com taxas negativas em todos os prazos reforça a atratividade da dívida de países considerados mais arriscados, como Portugal e Itália. "A corrida para evitar taxas negativas está a acelerar todos os dias, (…) o que torna as coisas ainda mais complicadas", disse à Bloomberg Arne Lohmann Rasmussen, do Danske Bank.

Tarifas de Trump atiram investidores para as obrigações

Esta queda pronunciada das taxas de juro na sessão de hoje surge depois de ontem Donald Trump ter anunciado que os EUA vão impor tarifas alfandegárias adicionais de 10% sobre o equivalente a 300 mil milhões de dólares de produtos chineses que entrarem no país.

A escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo (a China já prometeu retaliar) está a provocar quedas acentuadas nos mercados acionistas, levando os investidores a refugiarem-se no mercado de dívida soberana.

A disputa comercial aumenta os receios de uma recessão na economia global, o que força os bancos centrais acelerarem as medidas expansionistas de política monetária. Uma tendência que também favorece as obrigações soberanas.

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