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Impresa desiste de colocar obrigações no mercado
Depois de dois adiamentos, o cancelamento. A Impresa não vai avançar para a emissão de obrigações, como pretendia. O grupo dono da SIC e Expresso remete para "as alterações recentes no sector dos media".
A Impresa desistiu de colocar obrigações junto de investidores qualificados. A empresa que detém a SIC e o Expresso deixou cair a emissão que podia ir até aos 35 milhões de euros, depois de ter adiado, por duas vezes, o prazo da operação.
"A Impresa – Sociedade Gestora de Participações Sociais, S.A. informa que tomou a decisão de interromper o processo de emissão de obrigações a subscrever por investidores qualificados, anunciado a 3 de Julho, atendendo às alterações recentes no sector dos media e ao impacto resultante no sentimento da comunidade de investidores", indica o comunicado emitido esta sexta-feira, 21 de Julho.
"Continuaremos a acompanhar com atenção e dinamismo a evolução do mercado, de modo a detectar e antecipar o surgimento de condições que favoreçam a estratégia da Impresa", diz, em nota às redacções, o CEO do grupo, Francisco Pedro Balsemão.
À Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa presidida por Francisco Pedro Balsemão não especifica que alterações no sector dos media são essas que levaram à revogação desta operação, que estava a ser liderada pelo Haitong Bank (antigo BESI). No dia 14, a Altice anunciou a compra da Media Capital, dona da TVI, operação a que a concorrente proprietária da SIC respondeu telegraficamente – "A Impresa é e sempre foi, a favor da concorrência leal num mercado que funcione de forma sã, bem como do pluralismo na comunicação social".
Conforme anunciado no início de Julho, a operação de emissão de dívida poderia ascender a 35 milhões e a subscrição poderia ser feita de duas formas: pagando em dinheiro ou entregando títulos de uma emissão anterior (emitida em 2014 e que seria paga em 2018).
Apenas investidores qualificados poderiam subscrever a operação. Mas acabaram por não fazê-lo, apesar dos dois adiamentos: a primeira data de fim de subscrição foi 14 de Julho, depois adiada para dia 19 e, posteriormente, para 21. Neste último dia, é anunciada a revogação da operação.
O objectivo desta emissão de dívida, destinada apenas a investimentos superiores a 100 mil euros, era renovar as linhas de financiamento (substituindo a que tinha de pagar em 2018 para esta, que teria o prazo de vencimento em 2022, reduzindo os reembolsos que tem de fazer no próximo ano) e ainda financiar a expansão do edifício que a empresa tem em Laveiras, em que estão a maioria das publicações e para onde quer transferir a SIC, actualmente em Carnaxide. Na prática, a empresa não conseguiu pedir dinheiro a investidores e terá de reembolsar a dívida que vence em 2018.