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Cancelamento de emissão de dívida e dúvidas sobre sector causam queda de 6,5% da Impresa

A Impresa afundou esta segunda-feira, a primeira sessão após o falhanço da emissão de 35 milhões. O BPI assume que podem surgir preocupações. O sector dos media negociou estável, enquanto a concorrente Cofina disparou.

Miguel Baltazar/Negócios
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Uma desvalorização superior a 6%. Foi assim que a Impresa fechou a primeira sessão após o cancelamento da emissão de dívida de 35 milhões de euros, operação que iria permitir uma reorganização da dívida da dona da SIC.

 

As acções da empresa dirigida por Francisco Pedro Balsemão (na foto) encerraram a ceder 6,65% para valerem 36,5 cêntimos, estando nos valores de Junho, altura em que se intensificavam os rumores de que a Altice poderia vir a comprar a Media Capital, dona da TVI, transacção que depois foi anunciada e que promete revolucionar o mercado. Durante o dia, a Impresa chegou a cair praticamente 8%.

 

Esta foi a quarta descida consecutiva, tendo-se registado um volume de 865 mil títulos no dia. A média diária, nos últimos seis meses, é de 951 mil.

 

No dia da descida da Impresa, a concorrente Cofina, proprietária do Negócios, disparou 8,45%, ainda que sem qualquer informação privilegiada sobre a cotada. Já o índice PSI-20, de que a Impresa não faz parte, caiu 0,61%. O sector dos media europeu negociou sem grandes variações esta segunda-feira.

 

Apesar da desvalorização registada nestes dias, as acções da Impresa, desde o arranque de 2017, contam com um ganho de 92,63%. A capitalização bolsista da empresa ascende a 61,5 milhões de euros.

 

O cancelamento de dívida

 

"O cancelamento da emissão de obrigações não é uma boa notícia já que pode levantar algumas preocupações nos detentores de dívida e desafia, igualmente, a liquidez da Impresa, já que tem um reembolso de 30 milhões de euros em Novembro de 2018", comenta Pedro Oliveira, analista do BPI Equity Research, na nota de "research" desta segunda-feira, 24 de Julho.


Na última sexta-feira, 21 de Julho, a Impresa desistiu de colocar obrigações junto de investidores qualificados. A empresa que detém a SIC e o Expresso deixou cair a emissão que podia ir até aos 35 milhões de euros, depois de ter adiado, por duas vezes, o prazo da operação. Um dos objectivos da emissão era, precisamente, reduzir a dimensão do reembolso que tem de fazer no próximo ano. 

"A Impresa – Sociedade Gestora de Participações Sociais, S.A. informa que tomou a decisão de interromper o processo de emissão de obrigações a subscrever por investidores qualificados, anunciado a 3 de Julho, atendendo às alterações recentes no sector dos media e ao impacto resultante no sentimento da comunidade de investidores", indica o comunicado emitido no dia 21 de Julho.

"Continuaremos a acompanhar com atenção e dinamismo a evolução do mercado, de modo a detectar e antecipar o surgimento de condições que favoreçam a estratégia da Impresa", diz, em nota às redacções, o CEO do grupo, Francisco Pedro Balsemão (na foto).

 

A Altice e os riscos e oportunidades para a Impresa

À Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa presidida por Francisco Pedro Balsemão não especificava que alterações no sector dos media eram essas que levaram à revogação desta operação, que estava a ser liderada pelo Haitong Bank (antigo BESI).

No dia 14, a Altice anunciou a compra da Media Capital, dona da TVI, operação a que a concorrente proprietária da SIC respondeu telegraficamente – "A Impresa é e sempre foi, a favor da concorrência leal num mercado que funcione de forma sã, bem como do pluralismo na comunicação social". 

 

A unidade de investimento do BPI, banco que detém 3,7% do capital da Impresa, também inclui a empresa nas discussões em torno da compra da Media Capital pela Impresa. E fala em dois pontos de vista.

"A Impresa, por um lado, vai ver um dos seus principais clientes a tornar-se um concorrente, o que é um risco importante para uma empresa com um balanço sob pressão. Por outro lado, a necessidade de outros operadores de telecomunicações reagirem a este movimento da Altice pode abrir oportunidades à Impresa", adiantou Pedro Oliveira.

O Expresso avançou no sábado que a Nos está a estudar a sua resposta à concorrente dona da PT Portugal e que vai abordar a SIC.

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