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Impresa sofre maior queda diária de sempre em bolsa

O falhanço na emissão de dívida está a afugentar os investidores das acções da Impresa, que hoje sofreram a maior queda diária de sempre e já corrigem 37% face ao máximo de 30 de Junho. No acumulado do ano estão ainda a subir 67,3%.

Miguel Baltazar/Negócios
25 de Julho de 2017 às 17:03
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Nos últimos tempos têm sido várias as sessões em que a Impresa fechou com valorizações de dois dígitos. Sobretudo nos dias em que surgiram notícias e rumores de consolidação nos media em Portugal.

 

Mas variações acima de 10% de sinal negativo num só dia são muito poucas. Aconteceu hoje, sendo que a queda foi mesmo a mais intensa desde que as acções da Impresa foram admitidas à negociação na bolsa portuguesa, em 2000.

 

Os títulos desceram 13,7%, sendo que o pior desempenho diário até agora tinha sido registado a 14 de Outubro de 2014, quando as acções afundaram 11,56%.

 

Esta terça-feira, 25 de Julho, as acções afundaram 13,7% para 31,5 cêntimos, depois de ontem terem recuado 6,65%. O anúncio do cancelamento da emissão de dívida de 35 milhões de euros, operação que iria permitir uma reorganização da dívida da dona da SIC, foi efectuado após o fecho da sessão de sexta-feira, sendo que desde então as acções acumulam uma queda de 19,4%, uma perda de quase um quinto do valor.

 

Ao mínimo da sessão de hoje (queda de 14,25% para 31,3 cêntimos) corresponde o valor mais baixo desde 16 de Junho. Contra o máximo atingido a 30 de Junho deste ano, nos 50 cêntimos, as acções já recuam 37%. Ainda assim, no acumulado de 2017 a Impresa conserva uma valorização 67,37%, que coloca a capitalização bolsista da cotada em 53,4 milhões de euros milhões de euros.

 

 

Os analistas do BPI já tinham advertido ontem para o impacto negativo desta noticia nas acções da Impresa, sendo que hoje foi a vez do CaixaBI. Para a analista Helena Barbosa, esta é uma notícia "negativa na medida em que este empréstimo obrigacionista iria alongar o prazo médio da dívida da Impresa" e a cotada terá que reembolsar 30 milhões de euros no próximo ano.

 

Pedro Oliveira, analista do BPI Equity Research, tinha salientado ontem que "o cancelamento da emissão de obrigações não é uma boa notícia já que pode levantar algumas preocupações nos detentores de dívida e desafia, igualmente, a liquidez da Impresa, já que tem um reembolso de 30 milhões de euros em Novembro de 2018".

 

Na última sexta-feira, 21 de Julho, a Impresa desistiu de colocar obrigações junto de investidores qualificados. A empresa que detém a SIC e o Expresso deixou cair a emissão que podia ir até aos 35 milhões de euros, depois de ter adiado, por duas vezes, o prazo da operação. Um dos objectivos da emissão era, precisamente, reduzir a dimensão do reembolso que tem de fazer no próximo ano. 

"A Impresa – Sociedade Gestora de Participações Sociais, S.A. informa que tomou a decisão de interromper o processo de emissão de obrigações a subscrever por investidores qualificados, anunciado a 3 de Julho, atendendo às alterações recentes no sector dos media e ao impacto resultante no sentimento da comunidade de investidores", indica o comunicado emitido no dia 21 de Julho.

"Continuaremos a acompanhar com atenção e dinamismo a evolução do mercado, de modo a detectar e antecipar o surgimento de condições que favoreçam a estratégia da Impresa", diz, em nota às redacções, o CEO do grupo, Francisco Pedro Balsemão (na foto).

 

A Altice e os riscos e oportunidades para a Impresa

À Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa não especificava que alterações no sector dos media eram essas que levaram à revogação desta operação, que estava a ser liderada pelo Haitong Bank (antigo BESI).

No dia 14, a Altice anunciou a compra da Media Capital, dona da TVI, operação a que a concorrente proprietária da SIC respondeu telegraficamente – "A Impresa é e sempre foi, a favor da concorrência leal num mercado que funcione de forma sã, bem como do pluralismo na comunicação social". 

 

A unidade de investimento do BPI, banco que detém 3,7% do capital da Impresa, também inclui a empresa nas discussões em torno da compra da Media Capital pela Impresa. E fala em dois pontos de vista.

"A Impresa, por um lado, vai ver um dos seus principais clientes a tornar-se um concorrente, o que é um risco importante para uma empresa com um balanço sob pressão. Por outro lado, a necessidade de outros operadores de telecomunicações reagirem a este movimento da Altice pode abrir oportunidades à Impresa", adiantou Pedro Oliveira.

O Expresso avançou no sábado que a Nos está a estudar a sua resposta à concorrente dona da PT Portugal e que vai abordar a SIC.

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