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Fitch tira Portugal do lixo e dá a melhor notação das 4 agências

A agência de notação financeira subiu o rating soberano de Portugal em dois níveis. Não só o tirou do lixo como o colocou no penúltimo grau de investimento de qualidade. A descida da dívida pública é o grande motor da decisão.

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A Fitch elevou o rating da dívida soberana de longo prazo da República Portuguesa, tal como se esperava. Mas a surpresa veio da proporção desta melhoria, já que a agência fez um "upgrade" de dois níveis, com Portugal a passar directamente para o penúltimo grau do chamado investimento de qualidade, de ‘BB+’ para ‘BBB’.

 

A justificar a decisão esteve sobretudo a descida da dívida pública, que começou recentemente, e a previsível queda nos próximos anos.

A dívida pública "deverá descer mais de três pontos percentuais este ano, para um patamar abaixo de 127% do PIB. Esta será a primeira redução do rácio dívida pública/PIB desde a crise da dívida soberana", destaca a Fitch no seu relatório.

 

"A avaliação da Fitch é de que a trajectória da dívida está firmemente descendente e que a descida no rácio da dívida pública/PIB deverá prosseguir no médio prazo. Esta dinâmica favorável é motivada por uma conjugação das prévias medidas orçamentais estruturais, da recente recuperação cíclica e da substancial melhoria nas condições de financiamento", acrescenta. 

 

A maior estabilidade da banca – nomeadamente a situação do Novo Banco – é também importante para a agência, assim como a descida dos custos de financiamento (juros).

 

No que toca ao "outlook" [perspectiva] para a evolução da dívida, a Fitch desceu-o de "positivo" para "estável", o que significa que não antevê para breve uma nova subida do rating.

 

Segundo a Fitch, os mercados poderão reagir positivamente na próxima semana, por se tratar de uma subida de dois níveis, mas não se espera um grande movimento, por estarmos em final do ano - altura de os fundos fecharem posições.

 

Quanto a estimativas, a agência aponta para um défice de 1,4% este ano e de 1,2% no próximo. Já o crescimento deverá ser de 2,6% este ano e de 1,9% em 2018.

 

Normalmente, os países com um rating de ‘BBB’ têm 41% do PIB em dívida. Portugal está muito acima [a estimativa da Fitch é de que este ano se fixe ligeiramente abaixo dos 127%], mas a agência deu um voto de confiança ao país, atribuindo-lhe essa mesma notação.

Orey iTrade: novos investidores poderão planear investimentos superiores a 10 anos

"Se há aproximadamente três meses a classificação como investimento da dívida por parte da S&P fez regressar Portugal ao radar dos maiores fundos de investimento tanto particulares como soberanos, a actual situação irá aumentar tanto a visibilidade como de facto a inclusão da dívida em muitos desses mesmos fundos", comentou ao Negócios o chefe da equipa de "research" da Orey iTrade, José Lagarto.

 

No seu entender, "o tipo de investimento feito poderá sofrer alterações substanciais, com estes novos investidores, na sua grande maioria, a planear investimentos superiores a 10 anos, voltando a apreciar o nível de risco português, bem como das suas regiões autónomas - Madeira e Açores".

 

"Numa altura em que os bancos centrais, nomeadamente o Banco Central Europeu, começam a restringir a sua política monetária, preparando mesmo subidas nas taxas de juro, este aumento de confiança na dívida poderá permitir absorver se não a totalidade, pelo menos parte desta tendência conjuntural, beneficiando assim o peso da dívida no governo e desta forma nas empresas e nas famílias em geral", conclui.

 

O trajecto de melhoria da notação portuguesa

 

Das três grandes agências, a S&P foi a primeira a tirar Portugal do chamado lixo – a categoria de investimento –, quando no passado dia 15 de Setembro colocou o rating soberano no último nível do ambicionado patamar de qualidade, uma categoria onde já não se antevê risco de incumprimento do reembolso da dívida.

 

Em Outubro, a Moody’s ainda manteve a classificação de Portugal no primeiro nível de lixo [mas o "outlook" é positivo] e agora esperava-se que a Fitch melhorasse a sua avaliação em um nível.

 

A DBRS foi a única das agências consideradas pelo Banco Central Europeu (BCE) que avaliou Portugal acima de lixo durante a crise da dívida. E assim foi até ao passado 15 de Setembro.

 

Ao ser a única agência que mantinha Portugal acima de lixo, a DBRS tinha o poder de ligar ou desligar Portugal da máquina do Banco Central Europeu, uma vez que era a única que garantia a elegibilidade da dívida nacional para os programas de compra do BCE.

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