Notícia
Il sorpasso. Portugal deixa Itália para trás
Em 1987, os italianos chamaram “il sorpasso” à sua ultrapassagem momentânea do Reino Unido como a quinta maior economia do mundo. Na semana passada, foi a vez de Itália ficar no espelho retrovisor, quando os juros portugueses voltaram a ser mais baixos do que os italianos. Algo que não acontecia desde 2010.
Na sexta-feira, os juros a dez anos de Portugal atingiram pela primeira vez em quase oito anos um nível inferior às “yields” de Itália. O juro de Portugal atingiu um novo mínimo de 2015.
A retoma do investimento (público e privado) não foi a mais forte em Portugal, mas a aceleração este ano colocou-o a crescer bem mais do que o italiano. Para 2018, a previsão também é de um reforço maior em Portugal.
Depois de ter atingido valores muito mais elevados do que em Itália, o desemprego em Portugal tem recuado a um ritmo forte e já voltou a estar abaixo do italiano.
Embora sejam duas economias a quem são identificados entraves ao crescimento, desde 2013 que Portugal tem crescido mais rápido do que Itália.
O perfil de crescimento das exportações até é semelhante entre os dois, mas desde a entrada da troika que a venda de bens e serviços tem avançado muito mais rápido em Portugal.
Portugal tem hoje um défice orçamental mais baixo do que Itália. Desde 1997 que o nosso saldo orçamental vinha sendo sempre mais negativo.
A subida da dívida portuguesa foi muito mais fulgurante do que a italiana. Contudo, já entrou numa trajectória descendente, enquanto a italiana está quase estagnada.
Pela primeira vez em quase oito anos, os mercados financeiros colocaram os juros portugueses abaixo dos italianos. Este comportamento dos investidores replica mudanças importantes nas duas economias e diferentes graus de incerteza política que enfrentam.
Itália parece estar a substituir Portugal debaixo dos holofotes da crise (aqueles que nunca largaram a Grécia). Horas antes de a Fitch anunciar a subida do rating da República Portuguesa em dois níveis, as ‘yields’ das obrigações portuguesas a dez anos atingiram mínimos de Abril de 2015, ao tocar nos 1,753%, ficando momentaneamente abaixo dos juros italianos. Foi a primeira vez que isso aconteceu desde 2010.
"Esperamos ver mais convergência em relação a Itália e que o spread das ‘yields’ a dez anos entre Portugal e Itália seja 0 pontos base. Além disso, com a eleição italiana que se avizinha e a incerteza em relação ao resultado, Portugal deverá negociar abaixo de Itália em 2018", explica Jens Peter Sørensen, do Danske Bank.
Recorde-se que, em Março de 2016, a Fitch tinha cortado o outlook português de "positivo" para "estável" devido à fragilidade política que identificava na solução governativa encontrada por António Costa. Hoje, numa altura em que ela se revelou mais estável do que a Fitch previa, é Itália que se vê rodeada de maior incerteza.
O parlamento italiano será dissolvido depois do Natal e esperam-se novas eleições em Março, que podem deixar o país paralisado. As últimas sondagens sugerem que nenhum partido terá maioria absoluta e Berlusconi, líder do bloco de centro-direita, diz que, nesse cenário, favorece outras eleições.
Filipe Garcia, economia do IMF, reconhece que a troca de posições entre os dois países "tem o seu simbolismo"."Para Portugal significaria abandonar o penúltimo lugar do ranking de risco – atrás só a Grécia – o que já não sucede desde a intervenção financeira no país."
Além da política, na vertente económica a evolução também tem sido díspar. Desde 2013 que Portugal cresce a um ritmo mais rápido do que Itália, no ano passado voltou a ter um desemprego e um défice orçamental inferiores e as projecções apontam para uma trajectória descendente da dívida pública, enquanto a italiana deve estabilizar.
No entanto, uma diferença que Portugal não consegue esbater é o facto de Itália ser a oitava maior economia do mundo, com muito mais peso económico e diplomático. Isso também se parece reflectir nos ratings. Nenhuma agência tem Itália em "lixo" e todas a colocam no mesmo nível onde a Fitch fixou agora Portugal (BBB).
Itália parece estar a substituir Portugal debaixo dos holofotes da crise (aqueles que nunca largaram a Grécia). Horas antes de a Fitch anunciar a subida do rating da República Portuguesa em dois níveis, as ‘yields’ das obrigações portuguesas a dez anos atingiram mínimos de Abril de 2015, ao tocar nos 1,753%, ficando momentaneamente abaixo dos juros italianos. Foi a primeira vez que isso aconteceu desde 2010.
Recorde-se que, em Março de 2016, a Fitch tinha cortado o outlook português de "positivo" para "estável" devido à fragilidade política que identificava na solução governativa encontrada por António Costa. Hoje, numa altura em que ela se revelou mais estável do que a Fitch previa, é Itália que se vê rodeada de maior incerteza.
O parlamento italiano será dissolvido depois do Natal e esperam-se novas eleições em Março, que podem deixar o país paralisado. As últimas sondagens sugerem que nenhum partido terá maioria absoluta e Berlusconi, líder do bloco de centro-direita, diz que, nesse cenário, favorece outras eleições.
Filipe Garcia, economia do IMF, reconhece que a troca de posições entre os dois países "tem o seu simbolismo"."Para Portugal significaria abandonar o penúltimo lugar do ranking de risco – atrás só a Grécia – o que já não sucede desde a intervenção financeira no país."
Além da política, na vertente económica a evolução também tem sido díspar. Desde 2013 que Portugal cresce a um ritmo mais rápido do que Itália, no ano passado voltou a ter um desemprego e um défice orçamental inferiores e as projecções apontam para uma trajectória descendente da dívida pública, enquanto a italiana deve estabilizar.
No entanto, uma diferença que Portugal não consegue esbater é o facto de Itália ser a oitava maior economia do mundo, com muito mais peso económico e diplomático. Isso também se parece reflectir nos ratings. Nenhuma agência tem Itália em "lixo" e todas a colocam no mesmo nível onde a Fitch fixou agora Portugal (BBB).