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900 mil milhões de euros. É quanto os países do euro deverão ir buscar aos mercados em 2017

Os países da Zona Euro deverão acelerar na emissão de obrigações em 2017, segundo o Commerzbank. O banco alemão diz que no caso de Portugal, espera-se mais um ano desafiante.

Reuters
10 de Novembro de 2016 às 15:15
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Um calendário mais preenchido no que diz respeito a amortizações de dívida deverá levar os estados da Zona Euro a carregarem no acelerador das emissões de obrigações soberanas no próximo ano. Os analistas do Commerzbank estimam que no próximo ano os países do euro recorram ao mercado para se financiarem, em termos brutos, em 900 mil milhões de euros, mais 40 mil milhões de euros que o montante previsto para 2016.

Este crescimento é explicado pelo aumento do valor a amortizar no próximo ano. Mas, ainda assim, o montante a emitir será 180 mil milhões euros superior à dívida que for atingindo a maturidade ao longo de 2017, segundo as estimativas do Commerzbank que constam numa nota a investidores. Um factor que é explicado pelo facto de vários países tentarem apanhar a embalagem do programa de compras do BCE para optimizarem os custos e o perfil da dívida.

Apesar de no total existir uma subida, o banco alemão destaca que há evoluções bem diferentes nas necessidades de financiamento dos estados da Zona Euro. As emissões brutas de Itália e Espanha deverão ter dos maiores aumentos, enquanto o montante de obrigações a colocar no mercado pela Alemanha deverão descer.

Itália campeã nas emissões de dívida

No ranking dos países que mais emissões brutas no próximo ano, Itália aparenta ser o líder incontestado. "Itália enfrenta um aumento de quase 10% na emissão bruta de obrigações em relação a 2016", refere o Commerzbank. A estimativa do montante a emitir é de cerca de 260 mil milhões de euros. Já para Espanha a projecção das obrigações a colocar no mercado é de cerca de 140 mil milhões de euros.

Para a Alemanha, "depois de 183,5 mil milhões de euros em 2015 e de 168,5 mil milhões de euros em 2016, as amortizações de obrigações em 2017 cairão para ‘apenas’ 142 mil milhões de euros", constata o Commerzbank. Os analistas do banco antecipam que o valor a emitir pela Alemanha seja semelhante ao do montante a devolver aos mercados.

Outro dos grandes emitentes da Zona Euro é a França, que deverá ser o segundo país a mais recorrer ao mercado em termos brutos. A estimativa do Commerzbak é que o Tesouro gaulês faça emissões de 213 mil milhões de euros.

Portugal com ano "desafiante"

No caso de Portugal, o Commerzbank refere que as indicações dadas pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) apontam para emissões brutas de obrigações do Tesouro no valor de 16 mil milhões de euros no próximo ano. Esse valor pressupõe uma redução de cerca de 10% face ao previsto para este ano, apontam os analistas do banco alemão.

No entanto, o Commerzbank refere que "o intervalo das emissões brutas poderá ser de entre 16 mil milhões a 21 mil milhões de euros". E considera que Portugal tem novamente um "ano desafiante" no que diz respeito ao financiamento.

Além disso, o banco alemão observa que a agência liderada por Cristina Casalinho tem de encontrar um equilíbrio que não é fácil. Por um lado, o limite das compras do BCE pode estar perto de ser atingido. Por outro, pode emitir mais dívida para dar margem de manobra para o BCE manter o ritmo do programa de compras pode traduzir-se numa reacção negativa do mercado.

"A oferta de títulos entre dois a 31 anos ajudou a criar margem de manobra adicional para o programa de compra de activos mas criou também ocasionais ventos contrários nas avaliações das obrigações portuguesas no mercado secundário. Resta saber como os parâmetros do programa do BCE irão evoluir e como o IGCP irá gerir este equilíbrio difícil nos próximos tempos", conclui o Commerzbank. 
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