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Fecho dos mercados: Europa deu a cambalhota e voltou a tropeçar. Petróleo recupera da maior queda desde 1991

As bolsas europeias registaram a maior inversão intradiária de que há registo e não conseguiram recuperar da histórica sessão de ontem. Já o petróleo segue a somar mais de 8%.

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Tiago Varzim tiagovarzim@negocios.pt 10 de Março de 2020 às 17:39

Os mercados em números
PSI-20 desceu 0,69% para 4.237,23 pontos
Stoxx 600 perdeu 1,14% para os 335,64 pontos
S&P 500 valoriza 1,66% para os 2.792,1 pontos
Juros da dívida portuguesa a dez anos sobem 9,9 pontos base para 0,479%
Euro afunda 1,16% para os 1,1317 dólares
Petróleo em Londres valoriza 8,41% para 37,25 dólares por barril


Bolsas europeias deram a maior cambalhota de que há registo
As bolsas europeias estiveram a recuperar até meio do dia desta terça-feira, 10 de março, mas deram a maior cambalhota de que há registo e encerraram no vermelho na sessão que se seguiu à pior queda desde 2008. Tal como ontem, a sessão foi marcada por uma elevada volatilidade, com os nervos à flor da pele, numa altura em que os índices europeus entraram em "bear market" (-20% face ao último pico). 

Assim, o "sell-off" continuou na sessão de hoje com o Stoxx 600, o índice que agrega as 600 principais cotadas europeias, a perder 1,14% para os 335,64 pontos, acumulando quatro sessões de quedas e negociando em mínimos de janeiro de 2019. O índice chegou a somar mais de 4% - esta foi a maior inversão de que há registo, segundo a Bloomberg.

As maiores quedas continuam a registar-se nas cotadas ligadas ao setor do turismo e ao setor energético. O Stoxx 600 "Oil & Gas" chegou a ganhar 8,7%, mas fechou com um tímido ganho de 0,81%, sendo que a maioria dos setores fechou no vermelho. 

O efeito conjugado da incerteza do impacto económico do novo coronavírus e do choque no preço do petróleo continua a pesar no sentimento dos investidores. Inicialmente havia a expectativa que a Europa iria reforçar os estímulos económicos, mas para já não parece haver uma resposta forte e unificada. O Conselho Europeu, órgão que junta os líderes europeus, está a reunir-se esta tarde por teleconferência para fazer um ponto de situação.

Existe ainda a expectativa de que a Casa Branca anuncia medidas "substanciais", especulando-se sobre possíveis descidas dos impostos sobre o rendimento, mas ainda não há detalhes sobre o tema. Em Wall Street, os três principais índices seguem em alta, mas com valorizações mais tímidas do que no início da sessão. "Tal como na Europa, as ações americanas estavam a ser penalizadas pelas constantes evidências da propagação do coronavírus à escala mundial", referem os analistas do BPI no comentário de fecho.

O número de casos de coronavírus em Itália aumentou em 977 no espaço de 24 horas, superando as 10 mil pessoas infetadas. As mortes devido ao Covid-19 ascendem a 631, mais 168 do que na segunda-feira.

Em Lisboa, o PSI-20 fechou com uma descida de 0,69% para 4.237,23 pontos, após ter registado a maior queda desde o referendo do Brexit. "Tal como aconteceu no resto da Europa, os ganhos matinais dissiparam-se com o desenrolar da tarde", acrescentam os analistas. 


A exceção entre as praças europeias foi a Grécia. O índice grego subiu mais de 4% na sessão de hoje. 

Juros portugueses em máximos de um mês e meio
A volatilidade dos mercados também afetou o mercado das obrigações soberanas, nomeadamente no caso de Portugal. Os juros portugueses a dez anos - o prazo de referência - estão a subir 9,9 pontos base para 0,479%, negociando no nível mais elevado desde o final de janeiro deste ano. 

Esta é a tendência no mercado secundário de obrigações soberanas na Europa. Os juros alemães no mesmo prazo estão a subir 6,4 pontos base para os -0,794%, após terem atingido um mínimo histórico na sessão de ontem. 

Euro perde mais de 1%
A divisa europeia está a ceder 1,16% para os 1,1317 dólares, após uma subida significativa na sessão de ontem. Os analistas do HSBC já antecipavam este cenário: numa nota divulgada hoje argumentava que o euro não se tornou "de forma mágica" num ativo de refúgio e que a subida iria reverter-se, o que veio a verificar-se. Ainda assim, o euro acumula um ganho de 1% face ao dólar desde o início do ano. 

Também em queda está a divisa japonesa que perde quase 2% face ao dólar. No caso das divisas de países exportadores de petróleo, como é o caso da Noruega e do Canadá, estas recuperam na sessão de hoje das fortes perdas de ontem dado que os preços do petróleo estão a recuperar também. 

Petróleo recupera da maior queda desde 1991
A cotação do barril está a recuperar tanto em Nova Iorque como em Londres, após ontem ter registado a maior queda desde 1991 (guerra do Golfo). A especulação sobre os estímulos dos EUA está a dar algum otimismo aos investidores ainda que tanto a Arábia Saudita como a Rússia tenham reforçado o seu confronto. 

Hoje a Bloomberg noticiou que a Saudi Aramco, a petrolífera estatal da Arábia Saudita, irá aumentar a produção em mais de 25% para um valor recorde que fica acima da sua produção máxima. Os sauditas reforçam assim a declaração de "guerra de preços" lançada contra a Rússia no fim-de-semana, depois de Moscovo ter recusado reforçar os cortes na oferta propostos pelo grupo OPEP+ para sustentar as cotações do petróleo.

Minutos depois chegou a resposta de Moscovo, com Alexander Novak, ministro da Energia, a dizer que a Rússia tem capacidade para aumentar a produção em 500 mil barris por dia, o que colocaria potencialmente a produção do país num recorde de 11,8 milhões de barris por dia.

Nos EUA, pelo contrário, há um esforço de redução da oferta para tentar impulsionar os preços. De acordo com a Bloomberg, as empresas norte-americanas suspenderam uma venda planeada de 12 milhões de barris de petróleo das reservas de emergência do país. 

Neste momento, o WTI (Nova Iorque) valoriza 8,71% para 33,83 dólares e o Brent (Londres) - que serve de referência para as importações portuguesas - sobe 8,41% para 37,25 dólares.

Ouro cede ligeiramente
O ouro está a descer numa sessão em que a aversão ao risco diminuiu e em que o dólar (o ouro é cotado em dólares) está a recuperar. A redução da procura do metal precioso como um ativo de refúgio leva o ouro a ceder 1,39% para os 1.657,15 dólares por onça. Na sessão de ontem, o ouro chegou a superar os 1.700 dólares por onça, um máximo de mais de sete anos. Ontem o valor dos ETFs (exchange-traded funds) de ouro subiram para um novo recorde.

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