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Abertura dos mercados: Bolsas agravam "sell-off" após detenção da CFO da Huawei. Curva de rendimentos nos EUA continua invertida

Há mais um foco de tensão na relação entre a China e os Estados Unidos, o que está a acentuar as perdas nas bolsas. A evolução dos juros das obrigações dos EUA continua a preocupar e o petróleo desvaloriza em dia de reunião da OPEP.  

Reuters
06 de Dezembro de 2018 às 09:37
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Os mercados em números

PSI-20 desce 1,28% para 4.858,13 pontos

Stoxx 600 perde 1,32% para 349,58 pontos

Nikkei desvalorizou 1,91% para 21.501,62 pontos

Juros da dívida portuguesa a dez anos estáveis em 1,798%

Euro desce 0,12% para 1,1331 dólares

Petróleo em Londres desce 1,09% para 60,89 dólares o barril 

 

Queda dos futuros dos EUA pinta bolsas de vermelho

Depois das bolsas norte-americanas terem encerrado na quarta-feira devido às cerimónias fúnebres de George H. W. Bush, os futuros sobre os índices de acções dos EUA arrancaram hoje em queda acentuada, abrindo caminho para fortes quedas nas bolsas asiáticas e uma abertura no vermelho nas praças europeias.

 

O sentimento negativo acentuou-se com a notícia da detenção da administradora financeira da Huawei. Wanzhou Meng (que também é filha do fundador da tecnológica chinesa) foi detida no Canadá por suspeitas de violação das sanções impostas pelos Estados Unidos ao Irão.

  

Este desenvolvimento surge numa altura crítica para as tréguas entre EUA e China, após ambas as nações terem acordado a suspensão das tarifas de parte a parte por um período de 90 dias, durante o qual vão tentar fechar um acordo comercial. Nas últimas sessões os investidores já estavam com dúvidas sobre a robustez deste acordo e as bolsas desvalorizaram fortemente a nível global, pelo que este novo foco de tensão entre as duas maiores economias do mundo veio agravar o clima negativo que tem imperado nos mercados nas últimas semanas.

 

Os futuros sobre o S&P500 chegaram a marcar perdas em torno de 2%, o que levou os índices asiáticos a descidas acentuadas. O japonês Nikkei cedeu 1,91% e na bolsa chinesa o CSI300 index caiu 2,2%, com o índice das tecnológicas a marcar perdas em torno de 4%.

 

Na Europa a maioria dos índices desce mais de 1%, com o Stoxx600 a ceder 1,32% para 349,58 pontos naquela que é a terceira sessão negativa para o índice que agrupa as 600 maiores cotadas europeias.

 

Lisboa não escapa ao sentimento negativo, com o PSI-20 a descer 1,28% para 4.858,13 pontos. São sete as cotadas do índice a cair mais de 1%, entre elas o BCP e a Galp Energia.

 

Dólar e iene servem de refúgio

Em sessões turbulentas nos mercados financeiros os investidores têm procurado refúgio nas moedas do Japão e dos EUA, uma tendência que volta a repetir-se esta quinta-feira. O índice do dólar soma 0,1% e o euro está a recuar 0,12% para 1,1331 dólares. Já a divisa japonesa está a ganhar 0,1% para 113,06 ienes por dólar. A libra, que tem estado pressionada devido à dificuldade de Theresa May ver o acordo para o Brexit aprovado no Parlamento, volta desvalorizar (-0,2% para 1,2706 dólares).  

 

Curva de rendimentos nos EUA continua invertida 

Outro foco de preocupação nos mercados está na curva de rendimentos da dívida norte-americana, que inverteu na passada segunda-feira com a taxa de juro dos títulos a dois anos acima da yield no prazo a cinco anos.

Uma inversão da curva de rendimentos sinaliza que poderá estar uma recessão à espreita na maior economia do mundo, o explica a apreensão dos investidores com esta tendência.

 

A taxa genérica dos títulos a 10 anos atingiu um mínimo desde Setembro em 2,874%, numa altura em que a yield dos títulos a 2 anos (2,778%) persiste ligeiramente acima da taxa dos títulos a cinco anos (2,763%). A diferença das taxas a 2 e 10 anos é de apenas 10 pontos base, o que representa o "spread" mais reduzido desde 2007.

 

"Se os dados sobre o emprego nos EUA mostrarem algum sinal de fraqueza da economia, os mercados vão ter um grande desafio", disse à Reuters Shuji Shirota, do HSBC.

 

Na dívida alemã os juros nas maturidades mais longas também estão a baixar, uma vez que os investidores procuram refúgio nos títulos mais seguros, como é o caso das bunds. A "yield" das obrigações alemãs a 10 anos desce 2,3 pontos base para 0,254%, em linha com o mínimo de seis meses atingido na véspera.

 

Na dívida portuguesa a yield dos títulos a 10 anos segue estável em 1,798%, pelo que o spread face às bunds está a alargar-se para 154 pontos base.

 

Petróleo desvaloriza em dia de reunião da OPEP

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) deverá anunciar hoje em Viena um acordo para reduzir a produção de petróleo em 1,3 milhões de barris por dia.

 

Mas o mercado está focado na reunião que terá lugar no dia seguinte no mesmo local e que contará com a presença dos aliados da OPEP. Neste grupo (conhecido por OPEP+) está a Rússia e os investidores querem saber se Putin está de acordo em juntar-se ao corte de produção.

 

Perante a incerteza, as cotações da matéria-prima voltam a ceder terreno, penalizadas também pela fuga dos investidores dos activos mais arriscados. O Brent em Londres desce 1,09% para 60,89 dólares e o WTI em Nova Iorque recua 1,12% para 52,30 dólares.

 

Ouro arrastado pela alta do dólar

O ouro continua a perder terreno pressionado pela subida da moeda norte-americana, falhando novamente a preferência dos investidores como activo refúgio. O metal precioso está a cair 0,2% para 1.235,34 dólares.

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